Descendentes de famílias tradicionais definem instalação da Academia Amapaense de Batuque e Marabaixo
A iniciativa foi motivada com base na necessidade de um projeto sério e recente, diferente de todos que já foram implantados para preservar as tradições, cultura e memória dos afrodescendentes do Amapá.
Resgate, valorização, memória e respeito são as palavras que incentivaram um grupo de amapaenses e descendentes de famílias tradicionais a criar a Academia Amapaense de Batuque e Marabaixo, a primeira voltada para a cultura regional tradicional. Os direcionamentos foram tratados no último dia 5, na quadra da Igreja Jesus de Nazaré, quando 25 representantes de grupos tradicionais e lideranças de comunidades quilombolas e de movimento marabaixeiro, sob a orientação do padre Paulo Roberto Matias, definiram as metas e deram início aos procedimentos oficiais.
A iniciativa foi motivada com base na necessidade de um projeto sério e recente, diferente de todos que já foram implantados para preservar as tradições, cultura e memória dos afrodescendentes do Amapá. Durante a reunião de organização, o padre Paulo Roberto, idealizador do projeto, referência na luta por respeito pelos afrodescendentes brasileiros e militante de causas sociais, ressaltou a importância da Academia. “É preciso ter mais respeito com a nossa cultura, a mesma não pode ficar atrelada a guetos, e a Academia tem a finalidade de unir o coletivo, e homenagear os verdadeiros protagonistas da nossa história e detentoras de saber popular”.
“A Academia vem para resgatar ,preservar, incentivar pesquisas e estudos , difundir a nossa história, buscar o congraçamento , engrandecer os atuais envolvidos e perpetuar a nossa cultura. É um projeto onde as pessoas e famílias de afrodescendentes se sentirão representados, e isso é importante porque envolve alto estima, valorização e respeito com a história e não vai mais permitir que pioneiros sejam esquecidos e a memória enterrada”, disse Danniela Ramos, bisneta do mestre Julião Ramos e uma das pessoas que incentivou a aproximação de jovens e crianças com a acultura do marabaixo e batuque.
Serão escolhidos 30 nomes de personalidades já falecidas da nossa cultura, para nomearem as cadeiras da Academia, sendo 15 nomes da área rural e 15 da área urbana, independente de escolaridade, determinação justificada por terem sido detentores do saber cultural assistemático das culturas do batuque e marabaixo. A data em que a Academia Amapaense de Batuque e Marabaixo será instituída oficialmente é 23 de março, e três comissões foram escolhidas para dar encaminhamentos, organização, estudo, avaliação e seleção das 30 personalidades que serão homenageadas primeiramente, com a denominação das cadeiras
“A partir de agora inicia um novo momento no processo de valorização da cultura, pessoas e tradições afrodescendentes no Amapá, e a Academia tem essa missão importante que vai além dos movimentos já existentes, porque se propõe a estudar, pesquisar, difundir a história com viés social, antropológico, religioso e cultural, buscando a aproximação entre as comunidades e sociedade, e promover o intercâmbio de conhecimento e informações. As personalidades serão homenageadas em todo o processo, com honrarias, certificados, tirando assim estes pioneiros do da cultura do batuque e marabaixo do anonimato e esquecimento”, finalizou padre Paulo Roberto.
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