Nota 10

Estilista amapaense leva crochê para as passarelas do São Paulo Fashion Week

Poliana Brilhante, de 24 anos, apresentou as peças, em collab, na coleção “DUPE: A Streetwear Parody”, assinada pelo talentoso e aclamado Dario Mittmann


 

Da periferia do Brasil para o centro da moda, a estilista amapaense Poliana Brilhante, de 24 anos, estreou no São Paulo Fashion Week (SPFW) com seus trabalhos de crochê em uma proposta futurista. Ela apresentou as peças, em collab, na coleção “DUPE: A Streetwear Parody”, assinada pelo talentoso e aclamado Dario Mittmann.

 

Nascida e criada em Santana, onde já morou em áreas de pontes, Abrilhante (sua marca) é a primeira das terras tucujus a integrar uma coleção do maior evento de moda do país. Ela conta que espera, através de sua conquista, inspirar outros profissionais do Norte, sejam eles artistas, estilistas, modelos, entre outros, a buscar espaço nos cenários nacional e internacional.

 

 

“No intervalo de um ano, várias coisas aconteceram, a gente conseguiu chegar no São Paulo Fashion Week. Eu trabalho com crochê, com moda, especificamente há três anos, e já estou ocupando espaços tão grandes. E para mim, como uma pessoa que veio do Norte, do Amapá, da ponte, é um momento histórico que a gente está fazendo”, disse.

 

O crochê na vida da estilista possui um significado muito maior do que apenas trabalho. Abrilhante conheceu a técnica de produzir peças com agulhas ainda criança, em 2007, quando morava no bairro Fonte Nova, periferia de Santana. A mãe dela aprendeu a fazer crochê durante tratamento de câncer, em Belém (PA), e quando voltou para casa, curada, repassou os conhecimentos.

 

Atualmente morando em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, a amapaense relata que chegou a vender monteiro-lopes (tradicional doce nortista) para se sustentar. A jovem saiu do Amapá para acompanhar os estudos de uma amiga e buscar novos rumos profissionais –mesmo sem ter planos concretos, na época.

 

Em meio aos muitos trabalhos para levantar renda, o crochê ganhou mais força durante o período da pandemia, quando Abrilhante postava suas peças nas redes sociais. O trabalho dela gerou repercussão, o que levou a estilista produzir roupas para as cantoras Erykah Badu (internacional), Marina Sena, Iza e Glória Groover.

 

“Abrilhante sempre fui eu. Sempre fui uma pessoa das redes sociais, gosto de ser uma figura pública, de estar ali falando com as pessoas. Então, Abrilhante, antes de ser uma marca, é eu. E quando comecei a vender o crochê, eu quis ser a cara da minha marca”, frisou.

 

Agora, destaque na principal passarela no Brasil, a amapaense apresentou, entre os seus destaques, um look composto por lã desfiada manualmente, o que deu efeito de pelúcia e chamou a atenção de quem apreciou o desfile. Outras peças levam jeans com pontos e “segunda pele” de crochê, camisa de time e boné de crochê e calça com costura em crochê e, chapéu, renda da roupa em crochê.

 

A coleção “DUPE: A Streetwear Parody”, de Dario Mittmann, traz megaproduções com texturas e cores em uma pegada cyberpunk futurista, com a reflexão: “o que é uma moda de rua genuinamente brasileira, então eu trouxe os clichês do streetwear unidos a nossa estética e o jeitinho que só o brasileiro tem”.

 

Para Mittmann, a coleção foca em estampas, artesanatos, jeanswear e a graciosidade do branco. O que parecia complexo, misturar as cores, as texturas, o passado com o futuro, não foi um desafio para o assinante da obra, que tirou letra a equação do designe e mostrou ousadia em criatividade.

 

Texto: Jorge Abreu

 


Deixe seu comentário


Publicidade