Nota 10

Família pioneira prepara o Ciclo do Marabaixo da Favela de 201

Na Favela o Ciclo inicia no Sábado da Aleluia com o Marabaixo da Aceitação, e continua com outras rodadas de marabaixo



 

Sábado da Aleluia, 4 de abril, às 16h, iniciam os festejos do Ciclo do Marabaixo, na casa da pioneira Natalina Costa, realizado pela Associação Cultural Berço do Marabaixo da Favela, com uma extensa programação que se prolonga até o mês de junho. Na antiga favela, atualmente bairro Santa Rita, a homenagem é para a Santíssima Trindade, e as cores azul e branca predominam durante as festas religiosas e lúdicas, onde a cultura, tradição e memória são preservadas ao ritmo de caixas de marabaixo e louvores, intercalando as atividades religiosas com as lúdicas.

Este ano os festeiros responsáveis pela festa são Iracema Oliveira e José Maria Costa, descendentes de famílias tradicionais que seguem o ritual secular, herança deixada por antepassados que dançavam o marabaixo no centro de Macapá, de onde saíram para povoar os bairros Laguinho e Favela. O Ciclo do Marabaixo faz parte do calendário oficial de cultura do estado e é seguido nos dois bairros, com início na Semana Santa e encerramento no dia de Corpus Christi, com rodadas de marabaixo, missas, ladainhas e baile.

Na Favela o Ciclo inicia no Sábado da Aleluia com o Marabaixo da Aceitação, e continua com outras rodadas de marabaixo. No dia 9 de maio é o Sábado do Mastro, quando os grupos que realizam os festejos seguem para as matas do Quilombo do Curiaú, onde retiram os mastros, que na Favela será enfeitado no dia 24, o chamado Domingo da Murta, e levantado no dia seguinte, às 7h, ao som de caixas de marabaixo. O dia 31, é dedicado às crianças, que inicia com a missa e segue com tradicional Almoço dos Inocentes, seguida da tarde de brincadeiras.

Valdinete Costa, neta de Gertrudes Saturnina, que na década de 40 trouxe a família para a Favela, explica que a tradição continua, porém algumas adaptações foram feitas para que se adequasse à realidade. “O Almoço dos Inocentes iniciou com uma promessa feita por vovó Gertrudes para que a mamãe, Natalina, engravidasse. Com a bênção alcançada, a promessa foi cumprida, e o almoço para 12 crianças, representando os apóstolos, continua até hoje”.

A urbanização do bairro obrigou às mudanças, como os fogos, que atualmente são estourados até 22h e o som que reproduz as caixas, que não ficam no limite máximo. A consciência ambiental é trabalhada com as crianças, e atualmente, apenas um mastro é retirado da mata, o outro é de acrílico. O que vem do Curiaú são mudas de plantas que as crianças plantam na vizinhança. O compromisso com a história também é importante na Favela, e no ano passado foi inaugurada a Biblioteca Gertrudes Saturnino, com obras literárias e de arte de artistas com trabalho voltado para a cultura afro.


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