Festa de São Tiago atrai 50 mil visitantes para ápice da programação em Mazagão Velho
O motivo desse sucesso de público é creditado à inauguração da Ponte da Integração e a total pavimentação da rodovia que leva até a vila
A Festa de São Tiago sempre atraiu um grande público, mas este ano todas as expectativas foram superadas e mais de 50 mil pessoas estiveram na terça-feira, 25, em Mazagão Velho. O motivo do sucesso de público é creditado à inauguração da Ponte da Integração e à total pavimentação da rodovia que leva até a vila, na zona rural de Mazagão.
Durante 50 anos, a travessia do Rio Matapi era feita através de balsas, que causavam congestionamentos e desmotivavam o deslocamento de visitantes, uma realidade bem diferente da vista neste ano.
“Todos os estacionamentos ficaram lotados e cerca de três quilômetros de estacionamento na rodovia foram usados pelos visitantes”, informou o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Ericláudio Alencar.
Ponto alto
O feriado estadual de 25 de julho, Dia de São Tiago, marca o ponto áureo dos 13 dias de programações culturais e religiosas, em Mazagão Velho. Nas comemorações dos 240 anos da festa não foi diferente e, mais uma vez, a vila recebeu milhares de visitantes para acompanhar a encenação da batalha entre mouros e cristãos.
Ainda antes da batalha há vários acontecimentos encenados que antecedem a luta: a Entrega dos Presentes e o Baile de Máscaras, que acontecem um dia antes. Poucas horas antes do combate, há a celebração da missa campal e o círio, que este ano reuniram mais de dez mil pessoas.
As encenações iniciaram-se por volta de meio-dia. O primeiro episódio é a passagem do Bobo Velho, espião mouro enviado ao acampamento cristão, que na história é descoberto e expulso a pedradas. Mas, na peça teatral de Mazagão Velho, só vale jogar bagaço de laranja.
Por outro lado, os cristãos enviam o Atalaia, um oficial cristão que tinha a missão de espionar e roubar a bandeira inimiga. Mas ele teve um destino diferente do Bobo Velho: acabou morto e decapitado pelo exército mouro, mas ainda conseguiu arremessar o estandarte do inimigo para os cristãos. A cena da morte do Atalaia é uma das mais importantes da encenação.
Após a passagem do Bobo Velho e a morte do Atalaia, começa a encenação de vários episódios, o acordo não cumprido dos cristãos de trocar o corpo de seu oficial abatido pela bandeira moura dá início a uma série de intensas lutas armadas. Foi quando São Tiago apareceu e, junto com o companheiro São Jorge, pediu a Deus para tornar o dia mais longo e ajudar o povo de Cristo a vencer sucessivas batalhas.
A última cena é uma das mais emocionantes: os dois santos com as espadas cruzadas simbolizam a vitória. E assim se encerra mais uma edição da mais tradicional manifestação cultural do Amapá. Tradição de quase dois séculos e meio.
Para o público, a encenação é sempre linda e causa uma grande emoção mesmo para quem já acompanha há bastante tempo. A aposentada Dalci Cunha, 69, assiste a interpretação da luta há mais de dez anos, mas afirma que cada ano é diferente.
“Eu adoro acompanhar essa festa. Venho de Macapá só para ver a batalha e, hoje, está muito mais organizada. A cidade está mais bonita e tenho certeza que o espetáculo ainda mais emocionante”, enfatizou.
“Não imaginava que era uma festa tão linda e com tanta riqueza cultural e religiosa. Ainda estou me perguntando como isso realmente acontece em uma pequena cidade do interior do Amapá”. Essa foi a impressão da professora Suane Rodrigues, que, pela primeira vez, participou da festa.
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