Nota 10

Grupos de Marabaixo celebram a manifestação cultural afro-amapaense

O “Marabaixão” foi o ponto alto das celebrações do evento


 

O Dia Estadual do Marabaixo não poderia ser comemorado de outra forma, senão com muitas caixas rufando e com o rodar das saias, nas rodas de dança. A celebração aconteceu no domingo, 16, e contou com 35 grupos, que se reuniram para uma grande apresentação conjunta, o chamado “Marabaixão”, em um palco montado em frente à Casa do Artesão, na orla de Macapá.

 

Além dos seis grupos que realizam o Ciclo do Marabaixo, que são: Berço do Marabaixo, Raízes da Favela, Marabaixo do Pavão, Raimundo Ladislau, Campina Grande e Casa Grande; o evento também contou com a participação de grupos de Macapá e de comunidades do interior do estado.

 

Dona Antônia Grande, aos 80 anos, veio da comunidade de Campina Grande e fez questão de estar presente, pois se sente reconhecida ao ser convidada para o grande evento.

 

 

“É uma honra participar dessa homenagem do Governo do Estado. Não vou subir no palco, mas vou estar aqui, apoiando. Hoje o nosso marabaixo recebe o devido respeito e reconhecimento”, destacou Antônia.

 

Na outra ponta, com o choque de gerações que a cultura marabaixeira proporciona, a participação intensa de crianças e jovens. Em todas as apresentações os pequenos foram destaques, tocando caixas, cantando e dançando.

 

A jovem Lorrany Mendes, de 19 anos, conhecida por fazer apresentações entoando o Hino Nacional e a Canção do Amapá, em ritmo de marabaixo, participou da apresentação do grupo Herdeiros da Tradição, e disse estar orgulhosa de participar das homenagens.

 

 

“O dia 16 de junho é uma data muito feliz e de muita luta, para que o reconhecimento pela nossa cultura se fortaleça ainda mais. Para mim, é um legado de família, que pretendo levar aonde quer que eu vá”, emociona-se Lorrany.

 

A diretora-presidente da Fundação Marabaixo, Josilana Santos, destacou a valorização da cultura do povo afro-amapaense, pelo Governo do Estado.

 

 

“Um momento em que o povo negro, que um dia foi retirado da frente da cidade, volta para cá para celebrar sua ancestralidade. Hoje é um marco de luta do povo marabaixeiro, pela nossa mais autêntica manifestação cultural. Ao som dos nossos tambores, mostramos que a cultura afrodescendente desse estado é resistência”, ressaltou Josilana.

 

A secretária de Estado da Cultura, Clicia Vieira, prestigiou as rodas de marabaixo e fez questão de cumprimentar os fazedores de cultura. A gestora destaca a união dos grupos para a manutenção da tradição.

 

 

“Essa grande roda de marabaixo mostra a união e a força das famílias, que lutam para manter viva essa rica identidade cultural. Comunidades rurais e urbanas se unem para contar e recontar essa história”, destaca a secretária.

 

Semana Estadual do Marabaixo

O Marabaixão faz parte da Semana Estadual do Marabaixo, coordenada pelo Governo do Estado, em conjunto com os grupos culturais. Na sexta-feira, 14, uma sessão solene na Assembleia Legislativa marcou as homenagens aos marabaixeiros.

 

No próximo dia 22, sábado, acontece o IV Congresso do Marabaixo. O evento está com as inscrições abertas pelo link: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSd6m3FXNh5BA2qeaaie_Vr_CRpdLBUFJusNebrL7vZKWueq0w/viewform

 

Sobre a data

O Dia Estadual do Marabaixo foi criado através da Lei Estadual 1521/2010, de autoria do saudoso deputado estadual Dalto Martins. É um reconhecimento oficial à manifestação cultural, marcada pelo culto ao Divino Espírito Santo e à Santíssima Trindade.

 

A tradição é um legado de pioneiros e pioneiras que deram a vida para que a tradição não acabasse. Em 2018, o Marabaixo recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan.

 

A cultura do Marabaixo é conhecida pelos seus elementos, como as caixas, os ladrões (versos), as roupas (saias rodadas e blusas floridas), a gengibirra (bebida ritual) e pela culinária. Destacam-se também os rituais como o corte, subida e derrubada dos mastros; corte e cortejo da murta; e as ladainhas.

 

Investimento de R$ 1,4 milhão no Ciclo do Marabaixo

Com uma programação que segue o calendário da Igreja Católica, o Ciclo do Marabaixo inicia no Sábado de Aleluia e segue até o chamado “Domingo do Senhor”, após a celebração de Corpus Christi. É realizado por seis associações culturais, nas áreas urbana e rural de Macapá.

 

A tradição recebe o apoio do Governo do Amapá. Este ano, o Ciclo do Marabaixo 2024 recebeu investimento de R$ 1,4 milhão. Pelo segundo ano consecutivo, realizou a Central do Marabaixo, espaço onde os amapaenses e turistas conhecem melhor a cultura marabaixeira e centenária do estado.

 


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