Jovem amapaense publica artigo sobre autismo em obra especializada
Advogado Jean Ferreira é atuante na defesa e promoção do direito dos portadores do TEA; em suas atividades, ele busca empoderar adultos atípicos e seus familiares com conhecimentos e estratégias que promovam autonomia e resiliência
Douglas Lima
Editor
“Imagine viver em um mundo em que você mal entende quem é, quais são suas necessidades e habilidades. É exatamente isso que adultos no espectro autista enfrentam. Muito se fala no quanto a intervenção e o diagnóstico precoce são fundamentais para o desenvolvimento de crianças atípicas, mas você já parou para se perguntar como funciona quando o diagnóstico é tardio e não houve qualquer intervenção como forma de tratamento?”
O questionamento é de Jean Ferreira, jovem advogado amapaense, atuante na defesa e promoção do direito dos autistas, na publicação especializada ‘Perspectivas legais – Autismo e a busca por justiça’, da Literare Books International, com circulação no Brasil, Europa, Estados Unidos e Japão. O profissional foi convidado para integrar o seleto grupo de especialistas do setor com artigos no livro.
Jean conta que abraçou a causa autista no seu ramo de direito, mais focado no adulto atípico, levado pela experiência do irmão Matheus, que só foi diagnosticado com o transtorno do espectro autista, quando na juventude. Diante da constatação de que o ente querido tinha TEA, foi aí que ele começou a entender a dificuldade de relacionamento que tinha com Matheus que, por passar, às vezes, por situações complicadas, era mal compreendido.
Hoje, Jean Ferreira conta com satisfação que Matheus é formando em engenharia mecatrônica pela UnB e participa de projeto que busca aperfeiçoar o conhecimento de que através de Raio X da arcada dentária é possível detectar as probabilidades da pessoa vir a sofrer acidente vascular cerebral (AVC). A mecatrônica combina conhecimentos de elétrica, mecânica e informática na criação de máquinas inteligentes controladas por computadores.
No artigo que assina na obra ‘Perspectivas legais – Autismo e a busca por justiça’, o advogado amapaense diz acreditar que o número de pessoas autistas não diagnosticadas pode ser muito maior do que o de pessoas diagnosticadas, considerando que o transtorno não é mais comum, hoje, do que seria há 30 ou até 40 anos, quando ainda não se tinha conhecimento necessário para o diagnóstico.
Para Jean Ferreira, é necessário que a carga horária tradicional de trabalho seja diminuída para o funcionário autista, em virtude de suas necessidades pessoais. Na verdade, ele pontua: “Isso não é apenas uma necessidade, mas também um direito, pois a Lei 8.112/1990 estabelece que será concedido horário especial ao servidor portador de deficiência, independentemente de compensação de horários e sem redução e salário”.
No livro, o especialista aborda outras questões cruciais a respeito da qualidade de vida que o acometido do TEA pode alcançar, indo das relações familiares, passando pelas sociais, trabalhistas e financeiras, a até mesmo as afetivas ou amorosas. O principal objetivo, mesmo, segundo ele, é empoderar os adultos autistas e seus familiares com conhecimentos e estratégias que promovam autonomia e resiliência.
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