Nota 10

Márcia Braga está com a exposição “Negas de Nós”

Trabalho, confeccionado com materiais grosseiros, apresenta 11 peças de escultura negras, somente mulheres. São lavadeiras, dançarinas de marabaixo e gestantes, entre outras representações femininas.


Está em cartaz na Galeria de Artes Alcy Araújo da Biblioteca Pública Elcy Lacerda a mostra escultural “Negas de nós” assinada por Márcia Braga. A exposição foi aberta sexta-feira, 31 de julho.

O trabalho, confeccionado com materiais grosseiros, apresenta 11 peças de escultura negras, somente mulheres. São lavadeiras, dançarinas de marabaixo e gestantes, entre outras representações femininas.

Márcia Braga é uma virtuose na arte escultural com utilização de materiais rústicos. A artista, na verdade, é a única no mundo que mistura madeira, papel, massa, tecido e outros materiais grosseiros na elaboração de esculturas.

A artista também é a única que só confecciona peças negras. O negro está na raiz ancestral da artista, no sangue, na veia, no espírito, na alma. Em suma, o negro é o ambiente, o fôlego de vida desta paraense há 17 anos morando em Macapá.
Márcia teve um bisavô negro, um avô da mesma raça, a mãe era negra, negro o pai dos seus filhos, esses também negros.

“A exposição traz a beleza da negritude, das mulheres negras do cotidiano, a lavadeira, a dançarina do marabaixo, a jovem mãe, enfim. Nós somos cada uma delas! Nos cachos! Nas bijuterias! Nos tecidos coloridos! Na sensualidade da cor negra!”, explode a artista.

Enquanto Negas de Nós está entre nós, Márcia Braga percorre as regiões Norte e Nordeste com a exposição itinerante “Roda de Maria” sob a responsabilidade da Casa da Cultura de Marabá (PA). A escultora já mostrou Nega de Nós dia 19 de março deste ano na Fortaleza de São José de Macapá. Antes, expôs “Arte Retrato”, em 2008, em Marabá, e sequencialmente, ainda nessa cidade paraense, foi ao público com “Consciência Negra”, em 2009, também Consciência Negra, em 2014, e Roda de Maria, agora em 2015.

Márcia Braga é administradora formada em universidade, porém nunca sentou num banco de escola de artes. Manifesta-se artisticamente, por dom, emanação intrínseca a ela que não sabe explicar como.

“Faço arte por paixão”, destaca, porém lembra que um bisavô e outro avô eram artistas, bem como o pai famoso no Pará, Getúlio Chaves. Mas dos dez irmãos da família, apenas ela desenvolve artes plásticas.

Eclética, a paraense de Itupiranga também envereda pelo óleo sobre tela, espatulato e produz esculturas a mármore e gesso. “Mas não gosto dessas técnicas. Meu negócio é harmonizar o rústico; misturo tudo e sai a composição negra em estátua”, admite.


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