Rodolfo Juarez, ex-presidente da Liesap, comandou 1º desfile no Sambódromo
Juarez relembra os desafios da inauguração em 1997. O espaço recebe revitalização pelo segundo ano consecutivo do Governo do Amapá
Quando se fala em carnaval no Amapá, muitos remetem a distinção de duas eras: antes e depois do Sambódromo. Os desfiles das escolas de samba iniciaram na Avenida FAB, no centro de Macapá. Mas, nos últimos 26 anos, é a Avenida Ivaldo Veras que vem colecionando momentos de consagrações históricas de enredos inesquecíveis.
Por oito anos consecutivos, o Sambódromo viveu o silêncio, sem ecoar o som das baterias. Mas em 2023, ele voltou a abrigar brincantes e foliões, após os serviços de revitalização determinados pelo governador Clécio Luís. Iniciativa que despertou um turbilhão de memórias para o engenheiro, Rodolfo Juarez, de 77 anos, ex-presidente da Liga das Escola de Samba do Amapá (Liesap), que testemunhou a idealização e construção da estrutura, em 1996, e comandou o primeiro desfile das escolas de samba em 1997.
“A ideia do Sambódromo nasceu quando a gente percebeu que a FAB ficou pequena para o tamanho do Carnaval amapaense, principalmente para as apresentações feitas por Boêmios do Laguinho, Piratas da Batucada e Maracatu da Favela. Ali surgia também uma agremiação forte que era a Piratas Estilizados. Em 1996, o então governador João Capiberibe tomou a decisão de fazer o Sambódromo. Assim, na condição de engenheiro e fiscal responsável pelas obras, participei ativamente de todo o processo e em 90 dias, entregamos a estrutura, que recebeu em 1997 o primeiro desfile”, recorda Juarez.
Evolução
As primeiras apresentações das escolas de samba foram realizadas no Centro da cidade de Macapá. A trajetória das agremiações iniciou em 1962, com a realização do primeiro carnaval na Praça da Bandeira, e depois se transformou em desfile na Avenida FAB. Rodolfo Juarez reforça que desde então a evolução foi evidente, exigindo uma reestruturação. Para o carnavalesco, a percepção foi que o carnaval tinha alcançado uma proporção muito maior.
O carnavalesco por paixão e envolvimento, destaca que durante décadas, a celebração carnavalesca foi mais que uma festividade no Amapá, mas também representou um veículo para a transmissão de mensagens e para o fortalecimento da identidade local. Ele ressalta que o evento sempre desempenhou um papel fundamental na afirmação do Estado, principalmente com a modernização proporcionada a partir da transferência da folia para o meio do mundo.
“O sambódromo trouxe para a Ivaldo Veras toda a necessidade que tem um grande desfile. Foi preciso montar uma equipe muito organizada, inclusive para o julgamento. Pela primeira vez teve carro de som acompanhando a escola, com a direção artística do Ivo Canuti. A mudança não foi só de local, foi uma reestruturação total, em que personagens carnavalescos do Rio de Janeiro estiveram presentes para mostrar aos presidentes das escolas de samba do Amapá, como funcionava, com ambição de fazer o melhor Carnaval da Amazônia”, afirmou.
A nova era, iniciada em 1997, também foi marcada pelo lançamento do primeiro CD com os sambas das agremiações do Amapá, sendo um dos mais reconhecidos com enredos marcantes como “Mani” que garantiu o título para Piratas da Batucada.
Primeira corte
O sambódromo de Macapá também marcou o fortalecimento da imagem da “Corte do Carnaval”, que em 1997 foi reverenciada em grande estilo. A corte, na época, era formada pelo Rei e pela Rainha Momo, com personagens históricos, tradicionais e marcantes da cultura amapaense, Alice “Gorda” e “Sacaca”, que participaram por mais de 20 anos seguidos das festividades.
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