Unifap é a segunda universidade da região Norte com mais bolsas de iniciação tecnológica
Premiações de bolsistas IT e presença expressiva de pesquisadores produtividade em desenvolvimento tecnológico são alguns dos fatores que contribuíram para a Unifap ser contemplada com 19 bolsas pelo CNPq
A investigação e avaliação de bactérias promotoras do crescimento de plantas, como a mandioca, por exemplo, e que tenham potencial para o desenvolvimento de tecnologias mais sustentáveis, como um inoculante biológico, é uma das pesquisas que serão beneficiadas com uma das 19 bolsas de iniciação tecnológica que a Universidade Federal do Amapá (Unifap) receberá do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Este ano, a Unifap foi a segunda instituição de ensino superior da região Norte que mais recebeu bolsas de IT, ficando atrás apenas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Bolsa de iniciação tecnológica é uma modalidade de bolsa presente nas instituições de ensino e pesquisa destinada a alunos de graduação para integrarem equipe de projetos de pesquisa voltados para o desenvolvimento tecnológico, industrial e inovação. Ela incentiva a formação de recursos humanos para atividades de pesquisa diretamente relacionada ao desenvolvimento tecnológico e à inovação, fortalecendo a capacidade inovadora de pesquisa no Amapá e no país. A Unifap recebe bolsas IT do CNPq desde 2015. Nesses nove anos, 109 alunos foram beneficiados com a bolsa.
O acadêmico do quinto período de Licenciatura em Educação do Campo, Andei Mesquita da Silva, é um dos estudantes de graduação da Unifap que conquistou uma das 19 bolsas IT destinadas à Universidade pelo CNPq. Ele atuará na pesquisa citada no primeiro parágrafo desta matéria, que será desenvolvida no campus universitário de Mazagão e no campo experimental da Embrapa-AP, localizado no mesmo município, distante 35 quilômetros da capital amapaense.
Andrei despertou o interesse pela pesquisa e pela ciência quando passou a integrar o Grupo de Estudos e Pesquisa em Agricultura e Biodiversidade na Amazônia, coordenado pela Profa. Dra. Flaviana Gonçalves da Silva e que também conduzirá a pesquisa na qual o acadêmico do campus de Mazagão será bolsista.
“A experiência como bolsista IT me permitirá desenvolver habilidades essenciais no campo da pesquisa com viés científico e tecnológico, algo que é novo para mim. Também contribuirá na minha formação acadêmica e profissional, abrindo novas portas no campo profissional e atuação no mercado de trabalho, especialmente dentro da agricultura familiar no Amapá”, avalia Andrei.
A orientadora de Andrei, Profa. Flaviana Gonçalves, afirma que a presença de bolsistas IT é de extrema importância para o desenvolvimento das pesquisas tecnológicas e de inovação, aproximando o discente da ciência e ampliando sua visão quanto à importância do desenvolvimento de pesquisas com cunho tecnológico.
“É indispensável oportunizar bolsas de iniciação tecnológica nas instituições de ensino, uma vez que instiga os discentes, juntamente com os docentes/pesquisadores, a desenvolverem pesquisas que ajudem na criação de produtos/tecnologias que venham a contribuir diretamente na solução de alguma problemática existente”, observa a pesquisadora.
Incentivo ao desenvolvimento tecnológico
Para o diretor do Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia (Nitt) da Unifap, Prof. Dr. Felipe Monteiro, alguns fatores contribuíram para que a Universidade fosse contemplada com 19 bolsas IT.
Um deles foi a premiação de dois bolsistas IT da Instituição no Prêmio Destaque do Ano na Iniciação Científica, entregue pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC): em 2017, o acadêmico de Farmácia, Ícaro Rodrigues Sarquis, ganhou o prêmio na área de Ciências da Vida com um estudo que levou ao desenvolvimento de um larvicida contra o mosquito Aedes aegypti utilizando óleo da semente de sucupira; em 2020, a elaboração de um protótipo de habitação para área úmida em Macapá fez a discente de Arquitetura e Urbanismo, Vanessa Helena Pires da Costa do Nascimento, ser premiada na área Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes.
Em 2022, a Unifap iniciou sua participação no Programa de Mestrado e Doutorado para Inovação (MAI/DAI), do CNPq, coordenado localmente pelo Prof. Dr. José Carlos Tavares. Ainda neste ano, a Universidade passou a ter o primeiro pesquisador produtividade em desenvolvimento tecnológico (DT), o Prof. Dr. Alaan Ubaiara Brito. Em 2024, já são quatro pesquisadores produtividade DT: Prof. Dr. Alaan Ubaiara Brito, Prof. Dr. Cleydson Breno R. dos Santos, Prof. Dr. Francisco Fábio O. de Sousa e Prof. Dr. Gutemberg de Vilhena Silva.
“A elevada procura por bolsas IT demostra que a Instituição busca atuar no desenvolvimento tecnológico e necessita de fomentos para estimular ainda mais nossos alunos a trabalharem em pesquisas voltadas à propriedade intelectual com desenvolvimento de produtos. Esse conjunto de fatores demonstra ao CNPQ que a Universidade se encontra no caminho certo do desenvolvimento tecnológico e necessita cada vez mais de um quantitativo superior de bolsas”, avalia o Prof. Dr. Felipe Monteiro.
Sobre a pesquisa
A pesquisa “Prospecção e potencial biotecnológico de bactérias promotoras de crescimento vegetal associadas ao cultivo de mandioca” irá identificar e avaliar bactérias promotoras de crescimento vegetal associadas à cultura da mandioca que possam ter potencial biotecnológico para desenvolvimento de inoculante agrícola a ser utilizado no cultivo desta e de outras culturas. Inoculantes são insumos biológicos com microrganismos capazes de desempenhar atividades benéficas e necessárias para o desenvolvimento das plantas.
Segundo a coordenadora da pesquisa, Profa. Dra. Flaviana Gonçalves, estas bactérias podem contribuir com a nutrição, o crescimento e desenvolvimento vegetal, fornecendo nutrientes minerais como nitrogênio e fósforo, além de sintetizar hormônios vegetais e produzir substâncias que ajudam a planta a se desenvolver satisfatoriamente até mesmo em condições adversas como, por exemplo, a acidez do solo, problemática frequente para os agricultores no estado do Amapá.
“Com isso, visa-se estudar a microbiota nativa que interage com o cultivo de mandioca pensando em fornecer informações que ajudem na adoção de tecnologias mais sustentáveis, como substituir ou minimizar o uso de fertilizantes químicos sintéticos, redução nos custos de produção e melhoria na produtividade da cultura da mandioca, contribuindo, ainda, com a saúde do solo e do ambiente”, explica Gonçalves.
A pesquisa conta com a parceria da Embrapa Amapá, que cederá a infraestrutura laboratorial e o campo experimental de Mazagão para a coleta de material de campo.
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