‘Vovó do Rock’, uma senhora de vida difícil e de muitos bons exemplos
Influenciadora digital octogenária gosta de curtição, sim, mas também de políticos, de religião, de receitas de comida e da população de Macapá, que a trata com deferência
Douglas Lima
Editor
Socorro Carvalho, a ‘Vovó do Rock’, dia 16 próximo fará 89 anos de idade. Tirando o gosto pela dança e a alegria quase esfuziante que demonstra, ela é uma mulher centrada na fé católica; todos os dias lê a Bíblia e gosta da publicação ‘Um minuto de sabedoria’. Chega até a elaborar, de safra própria, algumas meditações. Devota de Nossa Senhora Aparecida, todos os domingos vai à Missa.
Interessante na vida da simpática velhinha é que a descontração toda que ela expõe foi readquirida há pouco menos de sete meses, tempo em que chegou em Macapá, trazida por parentes que se condoeram da situação ruim pela qual passava em sua terra natal, Maranguape, no estado do Ceará.
Socorro Carvalho, a Tosinha, falou no início da noite desta segunda-feira, 31, no programa ‘Ponto de Encontro’ (Diário FM 90,9). De início, ela surpreendeu na entrevista, dizendo que na verdade foi ao show da Pitty, nem tanto pela artista, porém mais para ver o “Prefeitão”, ou seja, o gestor de Macapá, Antônio Furlan. De sobra, disse que também tem vontade de conhecer o governador Clécio Luís. E ainda que já conheceu o ministro Waldez Góes, em sua época de governador do Amapá, numa vez em que esteve em Macapá, rapidinho.
Na verdade, a ‘Vovó do Rock’ gosta também, e muito, de política, e de políticos. Contou no programa que o médico ginecologista que acompanhava a mãe dela, era político. No dia da mãe sentir as dores do parto da filha que nasceria, a própria Socorro, ele não estava em Maranguape, tinha saído em campanha para o interior. A parturiente resistiu à natureza e só deu à luz à hoje Vovó do Rock, no dia seguinte, com a presença do ginecologista que retorna para a cidade e se tornou padrinho da menina.
“Eu acho que é por isso que eu gosto de política, porque dependi de um para nascer”, riu. No entanto, a paixão de Socorro é mesmo a música, o rock. Em Maranguape, na época da juventude, ela era uma sassariqueira dançarina de quadrilha junina. Costureira, dava conta de elaborar a sua indumentária e a indumentária de muitos colegas integrantes do grupo a que ela pertencia.
O apelido Tosinha, Socorro adquiriu pela criatividade da família. Na rua em que ela morava tinham cinco socorros, e para diferenciar das outras, puseram-lhe a alcunha Tosinha, de maneira que com o passar do tempo o epíteto passou a ser como se nome de batismo fosse. Filha única, ela casou, mas não teve filhos. Então passou a cuidar dos rebentos das irmãs. Dois deles foram os que a trouxeram de Maranguape para Macapá – Flávio e Augusto.
Influenciadora digital, confessou no ‘Ponto de Encontro’ que foi para assistir à estreia do filme ‘Barbie’, mas acabou tão assediada por fãs, pedindo autógrafos e fotos, que quando deu por si a sessão inicial já tinha começado. E de tão cansada resolveu voltar para casa no bairro Jesus de Nazaré. No Instagram, Socorro Carvalho é seguida por pessoas na faixa de 24 a 50 anos de idade.
As receitas que Vovó do Rock sugere nas redes sociais são oriundas de seu tempo em Maranguape, feitas pela mãe ou pelas mulheres mais idosas da família. Ela revelou, no programa de rádio, que deixou no Ceará o seu caderno de receitas, mas na medida em que vai lembrando delas, compartilha com os seguidores.
A entrevistada demonstrou um extremo e apaixonado amor por Macapá, aliás, diretamente pela população da cidade. “Eu vim um bagaço de Maranguape. Aqui readquiri a vontade de viver novamente, mostrando que o coração da gente não envelhece, ainda mais com um povo tão carinhoso, alegre e acolhedor como este”, confessou.
Domingo passado, último dia do Macapá Verão, pela manhã Tosinha foi à Missa. No começo da tarde saiu para A Banda. No trajeto, aproximou-se de uma Imagem de Nossa Senhora Aparecida e orou: “Ó minha Mãe, me perdoa; eu já fiz minha parte indo à Missa; mas deixe que eu brinque na Banda”. E caiu na gandaia. Essa senhora tão cheia de vida também carrega consigo a satisfação de ser conterrânea de um dos maiores nomes da dramaturgia cômica brasileira, Chico Anysio. E diz, orgulhosa: “Lá em Maranguape tem o Museu do Chico”.
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