Zé Miguel comanda voo inaugural da Nave Tucuju
Zé Miguel faz show inédito com banda e leva na cabine da Nave Tucuju, como convidado especial, o compositor de “Igarapé das Mulheres”, Osmar Júnior. Pra cantar a nossa aldeia e fazê-la universal, como bem escreveu Tostói, o convidado é perfeito.
Aroldo Pedrosa
Especial para o Diário
São pouquíssimos os projetos culturais, pode-se dizer muito raros até nesses tempos de vacas magras, como na linguagem popular, tempo de crise generalizada. E a cultura, infelizmente, é quem mais paga o pato, sempre leva a pior, como se fosse – vê se pode! – a grande vilã da tal crise. Coitado de quem vive da arte e da produção cultural em tempos sofríveis assim como esses. Mas nem tudo está perdido, porque eis que surge no lugar da chuva e de nosso sol equatorial, o Donna Antonia – a mais nova casa gastronômica, de cultura e entretenimento da cidade. E bem ali no centro, no Largo da Matriz, ao lado do Teatro das Bacabeiras. Surge na hora certa com sua voz afirmativa e firme de senhora, numa sonoridade em dissonantes contra o coro indesejável da conformação, dizendo “não ao não”, que a cultura tem que resistir sempre às intempéries e adversidades do mundo e não perder o bonde da história jamais. Primeiro com o projeto Samba da Matriz em pleno vapor, de identidade já muito bem definida, acontecendo a partir dos fins das tardes de domingo, e agora na contagem regressiva para o lançamento tão anunciado da Nave Tucuju, tendo no comando o compositor e cantor de “Vida Boa”, Zé Miguel. Voo inaugural, pioneiro que se realiza nesta sexta-feira, logo mais à noite, no Donna Antonia.
Zé Miguel faz show inédito com banda e leva na cabine da Nave Tucuju, como convidado especial, o compositor de “Igarapé das Mulheres”, Osmar Júnior. Pra cantar a nossa aldeia e fazê-la universal, como bem escreveu Tostói, o convidado é perfeito.
E vai ter obras da nova safra. “A Ponte”, canção bilíngue, composta em parceria com a compositora guianense Roseline Jersier, é uma das novidades na playlist do show desta sexta-feira. O zouk celebra o elo de ligação do Amapá à Guiana Francesa e também à União Europeia.
O artista amapaense se preparou muito com a banda que já vem lhe acompanhando por algum tempo, promete um espetáculo musical dos melhores e de muita qualidade para marcar o voo pioneiro da Nave Tucuju.
Quem vive sobre o Equador, a linha imaginária que divide o mundo, navegará na sonoridade da Nave Tucuju!
Perfil do Zé Miguel
“Eu não vejo graça em outras coisas como vejo em cantar”, frase pronunciada por Elis Regina no auge de sua carreira, e que exprime muito bem o jeito de ser desse ícone da música amapaense. Primogênito de uma família de seis irmãos, Zé Miguel optou pela carreira musical desde muito cedo, cantando na Igreja Evangélica em cultos dominicais. O tempo passou e Zé Miguel cresceu buscando realizar o sonho de se tornar um grande guitarrista participando de várias bandas de baile, onde se desenvolveu bastante no instrumento que sempre sonhara, a guitarra elétrica.
Paralelo a isso, começou a exercitar o hábito de compor suas próprias canções, inicialmente com a intenção de participar dos festivais da época, depois tomou gosto pela coisa e seguiu adiante. Em 1991, lançou o primeiro disco em vinil Vida Boa. Depois, em 1996, o Planeta Amapari, junto com os compositores Val Milhomem e Joãozinho Gomes. E aí veio o segundo disco solo, em 1988, Lume. Em 1999, gravou o Dança das Senzalas, com o Quarteto Senzalas, do qual fez parte por um período de aproximadamente quatro anos, indo com eles à Alemanha e França, no ano 2000. Em seguida, em 2002, lançou o Cd Zé Miguel Acústico, do qual fazem parte as músicas Pérola Azulada (parceria com Joãozinho Gomes) e Vida Boa, os dois maiores sucessos de toda a carreira do artista.
Em 2004 foi a vez de Quatro Ponto Zero e, em 2005, perde o filho em acidente trágico e faz o CD Uma Balada para Kaike. Amazônia na Veia sai em 2013 trazendo a participação de importantes cantores e compositores da Amazônia.
O CD foi também o start para a criação do Conexão Amazônia, projeto de intercâmbio entre artistas da Amazônia que contou em 2015 com a participação do cantor e compositor paraense Nilson Chaves. A edição mais recente aconteceu no mês de fevreiro em Manaus, onde Zé Miguel foi o convidado da Cantora Karine Aguiar, que esteve participando da quarta edição do projeto em Macapá em 2017. Grava nesse ano ainda o vídeo-clip Pérola Azulada, no município de Pedra Branca do Amapari, com a participação dos índios da etnia Wajãpi. Esse trabalho teve grande destaque na mídia e abriu portas para a gravação de uma série de outros vídeos, entre eles, o clipe da música A Ponte, parceria de Zé Miguel e a cantora Guianense Roseline Jersier, atualmente em fase de edição, com lançamento previsto para abril próximo.
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