Polícia

“A nossa luta é organizar o sistema, com ordem”, diz diretor do Iapen

Luiz Carlos esclarece que novas medidas adotadas dentro da penitenciária do Amapá foram pensadas na segurança pública e na melhoria do sistema em geral


 

Elen Costa
Da Redação

 

Em entrevista ao Programa Togas e Becas, da Diário FM, deste sábado, 1 de junho, o diretor do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá, Luiz Carlos Gomes Júnior, disse não ser apenas um ‘garantista’, mas também um leitor da analogia crítica. No entanto, ele afirmou que precisa ser realista.

 

“Nós trabalhamos com um contexto em que as organizações criminosas se instalaram. E quando falamos de organização criminosa dentro do sistema penitenciário, nós estamos falando de vida, da segurança de cada um, e é nesse sentido que eu trago as decisões para dentro do Iapen”, disse.

 

Desde a última segunda-feira, 27, novas medidas de visitação e entrada de alimentos dentro da cadeia foram alteradas. Sobre o regramento, o diretor explicou que as mudanças foram pensadas na segurança pública e na melhoria do sistema em geral, seja na valorização dos servidores, ou para que possa haver oportunidade de dignidade, trabalho e educação aos presos.

 

“Eles vão voltar. Hoje eles estão lá, comigo, mas amanhã eles estarão aqui, contigo, e o meu trabalho é que eles possam cumprir o papel que se chama de ressocialização, mas que pra mim é qualificar, educar e dar oportunidade de mudança, para que eles possam trabalhar e mudar suas próprias realidades, e é nesse sentido que a gente vem aplicando e se orientando nas decisões, mas obviamente eu não posso ser apenas um idealista”, esclareceu Luiz Carlos, admitindo que tem um problema prático dentro do sistema penitenciário.

 

“Nós estamos no estado com maior número de violência urbana, guerra de facções, pessoas se matando. E essas facções estão instaladas dentro do presídio, que foi criado e se fortaleceu a partir de uma gestão que nós consideramos equivocadas”, revelou.

 

O diretor rebateu as críticas garantindo que recebeu o Iapen na pior posição do Brasil, e que vai buscar mudanças necessárias naquilo que funciona, para que possa melhorar o sistema penitenciário do Amapá.

 

“A nossa luta é organizar o sistema, procurar as boas referências de outros estados, porque nós temos exemplos de lugares que funcionam com disciplina, com ordem e organização. Nós temos o pior sistema penitenciário, existe muita coisa errada. Nós estamos há um ano à frente dessa administração e vamos continuar as mudanças necessárias, para que a gente possa cumprir os objetivos”, assegurou o diretor.

 

Para ele, a centralidade, a cabeça do crime organizado, e movimenta muitos crimes e a violência praticados em nosso estado, parte de dentro da penitenciária.

 

“Se a gente não mudar o nosso sistema, nós vamos viver com os mesmos índices de violência, com os mesmos problemas. Portanto, precisamos investir no sistema penitenciário e isso é investir em segurança pública. Uma cadeia segura é uma cidade segura, comprovamos isso com a abertura da nova Unidade Policial Penal José Éder”, ponderou Luiz Carlos.

 

Novas medidas

O sistema prisional do estado está se adaptando ao regramento determinado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). As medidas foram necessárias porque, segundo o diretor Luiz Carlos, as regras anteriores estavam gerando problemas dentro da penitenciária, como o fortalecimento das organizações e o enriquecimento dos criminosos, com o comércio de alimentos, devido a quantidade e tipo de materiais que estavam entrando no local.

 

O processo de disciplinamento foi iniciado no ano passado quando novos preceitos foram aplicados dentro do sistema penitenciário, mais precisamente na Unidade Policial Penal José Éder (UPPJE).

 

O objetivo das novas medidas é de combater o comércio controlado pelas facções dentro da penitenciária, que gera o enriquecimento de alguns presos e endividamentos de outros, além de problemas que permitem o controle das organizações criminosas sobre a população carcerária, bem como a exploração sexual, prostituição e até mesmo estupros no interior do Iapen.

 


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