Polícia

Advogados querem que julgamento dos assassinos do fazendeiro ‘Maranhão’ seja em Macapá

Solicitação será feita para que não haja intercorrência política no caso, uma vez que, segundo a bancada que atuará na assistência de acusação, envolvidos trabalham na Prefeitura de Amapá, município onde o crime ocorreu e de onde virá parte dos jurados


 

Elen Costa
Da Redação

 

Os advogados que atuarão como assistentes de acusação no caso do fazendeiro Antônio Candeia de Oliveira, assassinado aos 80 anos de idade, no dia 23 do mês passado, no município de Amapá, irão pedir a transferência do processo para a Comarca de Macapá.

 

No programa ‘LuizMeloEntrevista’ (Diário FM 90,9) desta terça-feira, 3, a advogada Diandra Moreira disse que o pedido de desaforamento se dá devido aos envolvidos no crimes trabalharem na Prefeitura do município.

 

“Além deles, terão os jurados. Então, para que não haja nenhuma interferência política, será interessante que o caso seja julgado aqui na capital”, avaliou.

 

Nessa segunda-feira, 2, familiares da vítima entregaram aos advogados três cadernos com anotações de pessoas que estavam devendo valores ao fazendeiro e o aparelho celular dele. Um dos nomes que constam na listas de devedores está o da prefeita eleita da cidade, Kelly Lobato, esposa do empresário e médico veterinário Francisco Canindé da Silva, suspeito de ser o mandante do homicídio e que foi preso no dia do fato, após procurar a delegacia para registrar o ocorrido. Conforme o ‘rascunho’, o valor do débito é de R$ 45 mil.

 

 

“Não sabemos qual é a origem desse débito, se é da compra de algum terreno, mas, a investigação já está a cargo da Polícia Civil. Fizemos o requerimento de entrega, pedimos a extração dos dados do telefone”, disse Vânia Fontoura, complementando que foi informada pela família do idoso que, supostamente, ele atuava com agiotagem.

 

Ítalo Matos, que também integra a bancada de advogados, revelou que solicitará da Justiça a responsabilização de todas as pessoas que estavam no veículo.

 

“Queremos que todos respondam. Tanto os que estavam no local, quanto aqueles que são os supostos mandantes, ou que estão envolvidos nesse crime bárbaro. São todos coautores”, assegurou o advogado

 

O caso

Antônio Candeia, o ‘Maranhão’,  foi assassinado a sangue frio após desentendimento por causa de posse de terras. No mesmo dia, Francisco Canindé, apontado como o mandante, foi preso em flagrante ao procurar a unidade policial para comunicar o fato. Ele teve a prisão convertida para preventiva.

 

Dois dias depois do crime, o sargento da reserva do Exército Brasileiro, Antônio Carlos Lima de Araújo, que aparece no vídeo atirando no idoso, apresentou-se à polícia, mas se reservou ao direito de permanecer calado.

 

O ex-militar, que estava com o mandado de prisão expedido, apresentou ao delegado a arma – uma pistola calibre 9mm – usada no crime.

 

Antônio Carlos está no Centro de Custódia do Zerão. O Comando do Exército Brasileiro solicitou à Justiça a transferência dele para o 34º BIS. O pedido está sendo analisado.

 

A Defesa

Os advogados de Antônio Carlos, Evandson Mafra, Bruno Lamarão e Rogério Muniz pontuaram que a sociedade tomou como parâmetro somente o vídeo publicado nas redes sociais, mas desconhece que desde o dia 20 ‘Maranhão’ vinha ameaçando o proprietário do imóvel, sendo inclusive registrados dois boletins de ocorrência.

 

“Assim como no dia dos fatos, este ateou fogo na plantação do imóvel e quis incendiar a casa do caseiro, razão pela qual a Polícia Militar se fez presente no local, enquanto este se embrenhou no mato, buscando fazer uma emboscada”, disse Lamarão, complementando que “também é válido ressaltar que o senhor Maranhão, além de dispor de vasto histórico em processos criminais, estava portando uma arma de fogo e uma arma branca em propriedade privada, e a legítima defesa pode ser amplamente configurada, no caso em concreto”.

 


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