Apreensão de cocaína revela nova rota internacional de drogas no Amapá
Pescador diz ter fugido de vila para entregar a droga à polícia
Elden Carlos
da Editoria de Polícia
O delegado Sidney Leite, da Delegacia Especializada de Tóxicos e Entorpecentes (Dete), assumiu a investigações que apuram o surgimento de dezenas de quilos de cocaína pura que estão sendo encontradas na costa do município de Amapá, distante cerca de 302 quilômetros da capital, Macapá.
“Na noite da última terça-feira um pescador que vive com a família na comunidade de Sucuriju, na costa do município de Amapá, chegou à capital trazendo cinco quilos de cocaína. Ele disse ter encontrado a droga boiando próximo à comunidade. Recolheu-a, levou para casa, mas ao dizer para conhecidos que entregaria o produto à polícia acabou sendo ameaçado de ter o imóvel invadido. Ele fugiu, na verdade, com essa droga. Então, fizemos um cruzamento de informações que nos dão a certeza de que o repentino abastecimento desse tipo de entorpecente em Macapá e Santana, nos últimos cinco meses, é fruto desse comércio instalado naquela região”, revelou o delegado.
Sidney Leite diz que há cinco meses, ainda não se sabe o motivo, pacotes de cocaína começaram a aparecer naquela região. “Não se sabe ainda se foi a embarcação de traficantes que afundou, ou se eles se desfizeram da droga durante possível perseguição em alto mar, mas o fato é que o entorpecente foi carregado pela correnteza marítima para perto da costa. Pescadores começaram a encontrar esses pacotes e vender para pessoas ligadas ao tráfico. Pelo que se viu, certamente essa droga vinha do Suriname, revelando-nos essa nova rota internacional”, explicou.
Droga vinha abastecendo ‘comércios’ de Macapá e Santana
A droga retirada do mar pelos pescadores era vendida para traficantes nos municípios de Amapá e Calçoene. De lá ela era enviada para abastecer os comércios de Macapá e Santana. “É uma droga de alto valor. Então, era comercializada, principalmente, em casas noturnas e grandes eventos. Os usuários são em sua maioria jovens de classe média e classe média alta. Nós percebemos essa ‘enxurrada’ de cocaína na capital exatamente no mesmo período em que os pacotes começaram a aparecer na costa do Amapá”, lembra o delegado.
Embarcação invadida
O pescador que teve a coragem de procurar a polícia para denunciar o caso e entregar a droga havia fugido da comunidade. O homem disse em depoimento que um grupo de pessoas ameaçou invadir a casa dele para pegar a droga, e que por isso saiu fugido.
Assim que chegou ao Igarapé das Mulheres, em Macapá, o pescador ligou para a polícia e foi levado à delegacia. Enquanto ele prestava depoimento um grupo de pessoas foi até à embarcação do trabalhador para tentar recuperar a droga, porém no barco estava apenas um ajudante, que foi espancado.
GTA é acionado para fazer varredura aéra na região
Os supostos agressores foram presos. O delegado Sidney Leite relatou ainda que o pescador disse ter deixado para trás mais um pacote da droga. “Esse homem nos disse que saiu com medo de lá, e que ainda restava um pacote da droga. Pedi auxílio do Grupo Tático Aéreo (GTA), que nos levou até à comunidade, onde localizamos o restante da droga, totalizando seis quilos de cocaína”, confirmou.
Missão Amapá
Agora o delegado deve liderar uma missão à costa do Amapá, no sentido de tentar localizar mais drogas e descobrir pessoas que estejam envolvidas no crime internacional de tráfico. “Estamos fazendo essa articulação para seguir até àquela área, mas temos noção da complexidade da missão, já que temos, no mínimo, cerca de 50 quilômetros de extensão a percorrer”, concluiu o policial.
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