“CRM de Curitiba, ao que me pareceu, é muito corporativista”, diz advogado da família de Dani Li
Janderson Kássio e Evelim Paes estiveram no Paraná, acompanhando diligências, e constataram que mesmo condenada na esfera cível cirurgiã plástica Luciana de Freitas não teve registro cassado
Elen Costa
Da Redação
Os advogados Janderson Kássio e Evelim Paes, contratados pela família de Dani Li para atuar no caso que resultou na morte da artista, retornam para Macapá nesta quarta-feira, 31. Por telefone, eles participaram do Programa ‘LuizMeloEntrevista’, na Diário FM 90,9, e disseram que durante os cinco dias que estiveram em Pinhais, no Paraná, acompanharam as diligências feitas pela Polícia Civil daquele estado, que investiga as circunstâncias do falecimento da cantora.
“Posso adiantar que as atividades foram proveitosas. Houve um arcabouço de provas muito interessantes para contribuir com as investigações que estavam atrasadas e num caminho que não era o foco principal”, revelou Janderson.
Dani Li morreu no último dia 26, aos 42 anos de idade, depois de uma cirurgia de lipoaspiração no abdômen e nas costas, além de uma mastopexia (procedimento que visa reestruturar a forma das mamas). A delegada responsável pelo caso afirmou que a morte aconteceu depois de uma intercorrência após a operação. Até agora três pessoas foram ouvidas, entre elas, familiares e acompanhante da artista.
“A médica ainda não prestou depoimento, porém os procedimentos para isso já foram encaminhados para a unidade policial”, narrou Evelim Paes.
A polícia teve acesso aos prontuários médicos da cantora e também investiga se houve demora na transferência de Maria Danielle Fonseca Machado, nome de batismo da artista, para o hospital, após a complicação.
Os representantes da família estiveram no hospital onde Dani Li realizou o procedimento e na unidade aonde ela veio a falecer. Eles garantiram que a clínica Fundação Hospitalar Pinhais, que fica na região metropolitana de Curitiba, é, aparentemente, precária, e confirmaram que o local não possui Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) nem UTI Móvel.
“Apesar de eles relatarem que havia, nós constatamos que, de fato, não existe”, assegurou a advogada. Sobre o laudo da causa mortis de Dani Li, que apontou embolia pulmonar e obesidade, o casal garante que o documento será questionado.
“Diante de toda a complexidade do caso, da forma como a equipe médica veiculou as informações, que produziu a documentação, tudo isso é muito questionável para nós. Sobretudo, pela questão da precariedade da clínica onde foi realizado o procedimento cirúrgico. Então é fundamental que se questione”, pontuou Janderson.
O advogado acrescentou que a vida pregressa da equipe médica, que já tem vários registros no Conselho Regional de Medicina (CRM) e responde a processos no Judiciário, inclusive, com condenações especificas na esfera cível, descredibiliza o laudo emitido.
A cirurgiã plástica Luciana de Freitas Santos foi denunciada pelo casal no CRM. A autarquia falou que instaurará um procedimento sindicante para apurar a denúncia de possível desvio ético cometido pela profissional.
O que chamou a atenção dos advogados, é que enquanto o corpo de Dani Li estava sendo velado e sepultado no Amapá, e médica continuava realizando procedimentos em Pinhais. Eles disseram que perceberam certo corporativismo em relação aos envolvidos.
“Os procedimentos cirúrgicos continuaram, e na verdade, sendo bem sincero, o CRM da região de Curitiba, ao que me pareceu, é muito corporativista. Inclusive, a equipe, a médica que atendeu a Dani, o anestesista Nelson Lambach, são muito influentes na região. Então, atuam de forma deliberada, sem respeito às regras e quando acontece algum erro, alguma coisa dessa natureza, eles conseguem intervir”, descreveu o advogado Janderson Kássio.
A morte da cantora Dani Li fez com que outras vítimas procurassem os advogados. Segundo informações do casal, mais de 20 mulheres já fizeram contato alegando terem sido pacientes da cirurgiã plástica e que também tiveram complicações durante ou após os procedimentos.
“Todos os dias nós recebemos diversas mensagens de pessoas que relataram erros médicos dessa equipe. São mulheres que foram mutiladas, que ficaram em estado vegetativo, que passaram muito mal, e nós estamos reunindo e vamos encaminhar tudo à delegada do caso, porque, apesar dela já ter condenação, dela ter sido censurada, o próprio CRM não cassou o registro profissional dela e, em tese, diz que ela está habilitada para continuar atuando”, finalizou Evelim.
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