Polícia

Falso pastor suspeito de assassinar caseiro é preso em Pracuúba

Ednelson se passava por pastor evangélico para ganhar a confiança das vítimas. Ele é apontado como principal suspeito de ter assassinado um caseiro de 50 anos na semana passada


Elden Carlos

Editor de Polícia

 O foragido de justiça Ednelson Pinheiro de Oliveira, que é apontado como principal suspeito do assassinato do caseiro Roberto Carlos Tavares do Rosário, de 50 anos, cujo corpo foi encontrado na manhã da última sexta-feira (19) em um dos quartos de uma propriedade rural localizada no quilômetro 21 da BR-156, na comunidade de Campina Grande, área rural de Macapá, foi preso na noite de terça-feira (23) em uma igreja evangélica localizada no município de Pracuúba, distante 246 quilômetros da capital.

A prisão foi feita pelo agente da Polícia Civil (PC), José Sacramento. Em entrevista por telefone ao Diário, na manhã desta quarta-feira (24), Sacramento disse que estava de plantão na delegacia local quando foi acionado por uma pessoa informando que o suspeito do crime – que vinha se passando por pastor evangélico – estaria no culto de uma igreja localizada no bairro Central.

“Assim que recebi essa informação eu segui para o local. Como a foto desse elemento já estava em todos os grupos de Whatsapp, e havia informação de que ele estaria supostamente em trânsito por essa região, foi fácil identificá-lo. O culto já havia terminado e ele (Ednelson) estava carregando uma caixa de som quando dei voz de prisão. Inicialmente ele negou envolvimento na morte, mas logo foi desmascarado”, disse o agente Sacramento.

Já na delegacia, Ednelson confessou o crime, mas afirmou que na noite de sexta-feira (19) ele estaria bebendo com a vítima quando houve um desentendimento.

“Ele diz que estava bebendo com a vítima quando houve um desentendimento, e que depois houve luta corporal, inclusive, o falso pastor mostrou alguns arranhões pelo rosto que teriam sido supostamente provocados pelo caseiro, mas há uma série de contradições na fala dele. Vamos aguardar o delegado para tomar o depoimento oficial”, complementou.


Fuga

Após ter assassinado o caseiro Roberto Rosário, o ‘Beto’, como era conhecida a vítima, Ednelson teria fugido inicialmente para o município de Tartarugalzinho, depois, seguiu para Pracuúba onde fez amizade com um pastor. Esse pastor, segundo o agente Sacramento, teria abrigado e alimentado o foragido que se apresentou, novamente, como pastor.

“Ele [Ednelson] estava querendo chegar ao município de Oiapoque. Ele inventou uma história para o pastor que, de forma inocente, iria ajudá-lo a chegar ao município fronteiriço. Esse elemento tem um bom conhecimento das coisas e uma lábia muito forte. A aparência frágil e o comportamento frio escondem um astuto criminoso na verdade”, concluiu Sacramento.

 O suspeito deverá ser recambiado para a capital onde prestará depoimento na Delegacia de Polícia do Interior (DPI) antes de ser encaminhado ao Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen).

O crime

O Diário conversou na manhã do último sábado (20) com um familiar da vítima que relatou os últimos momentos antes de ‘Beto’, como era conhecido o caseiro, ser assassinado.

“Esse elemento chegou ao terreno no final da tarde de quinta-feira (18) se dizendo pastor evangélico. Ele disse que tinha vindo de Laranjal do Jari, mas que pegou o ônibus errado para o município de Oiapoque. Foi quando ele pediu abrigo ao Beto para pernoitar na propriedade. Lá existem outras duas pessoas (casal) que trabalham durante o dia. Eles acolheram esse elemento, deram comida e quando estavam saindo esse Ednelson ainda os chamou para fazer uma oração na cabeça deles”, contou o familiar.

 Ainda não se sabe o momento exato do crime. Apesar de ter sido encontrado no primeiro dormitório da residência – que tem dez quartos – Beto teria sido morto no sofá da sala e arrastado para o cômodo ao lado.

 “A perícia ainda irá afirmar isso, mas as marcas de sangue indicam que ele recebeu a primeira paulada no sofá. Inclusive, pode ter havido a participação de mais de uma pessoa nesse crime, mas somente a perícia poderá confirmar. O fato é que o assassino levou dois televisores e dinheiro. O valor era o salário que o Beto havia recebido”, declarou.

Fuga

O casal que trabalha durante o dia na propriedade, sempre tranca ao portão principal com correntes ao sair no final da tarde. “Quando o assassino tentou escapar, se deparou com o portão do terreno trancado. Foi quando ele resolveu arrebentar o arame da cerca para passar com os objetos roubados. Nesse momento a carteira de identidade dele e um celular caíram do bolso”, revela o familiar da vítima.

 Quando a polícia chegou ao local na manhã em que o corpo foi encontrado, localizou a identidade e o celular junto à cerca. O casal reconheceu de imediato o homem do documento como sendo o mesmo que havia pedido abrigo na propriedade e se apresentado como pastor evangélico.


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