Julgamento dos três acusados de matar agente penitenciário é adiado
Prevista para ocorrer na manhã desta terça-feira (03), sessão do Tribunal do Júri Popular não ocorreu porque dois dos acusados, que estão presos em penitenciárias de segurança máxima no Pará e Paraná não foram recambiados para Macapá.
A sessão do Tribunal do Júri Popular que julgaria três acusados de matar o agente penitenciário Clodoaldo Pantoja Brito no dia 11 de junho de 2012, que seria realizado nesta terça-feira (3) foi adiada porque dois dos réus não foram recambiados dos estados do Pará e Paraná, onde estão presos em penitenciárias de segurança máxima. Outro motivo que levou ao adiamento do júri, que foi remarcado para o dia 27 de novembro deste ano, foi a ausência por motivo de doença de um dos promotores que atuam no caso. O primeiro júri, realizado em 2015 foi anulado pelo Tribunal de Justiça (Tjap) a pedido da defesa, que alegou influência de manifestações populares ocorridas antes da sessão sobre a decisão dos jurados.
Uma equipe de reportagem do programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90,9) acompanhou de perto nesta terça-feira (3) a angústia de familiares, colegas de trabalho e amigos antes do horário previsto para o julgamento. O Plenário do Tribunal do Júri lotou e muita gente foi obrigada a acompanhar a sessão de julgamento em frente ao Fórum de Macapá. A emoção era visível nos presentes, com muitas pessoas não conseguiram conter as lágrimas, principalmente por causa da até então indefinição se o julgamento seria ou não realizado por causa da ausência dos acusados Wagner Melonio e Luiz Carlos da silva Teixeira.
Muito emocionada, aos prantos, uma agente penitenciária, que não se identificou, descreveu a dor por perder o colega: “Já se passaram cinco anos, mas é tudo ainda muito atual, é um sofrimento muito grande um colega perder a vida dessa forma, tudo porque ele acreditava que ia contribuir para criar uma sociedade melhor; ele era muito atuando, e quando a equipe que ele chefiava fazia revista tirava armas e drogas das celas; eu sei disso porque ele era meu chefe; ele sempre dava respostas imediatas, nunca deixou seus subordinados desamparados, ele sempre ia na frente; qualquer um de nós poderia ser vítima desse crime monstruoso; mas eu confio da justiça, acredito que a justiça será feita hoje porque não podemos deixar que aqueles bandidos, traficantes, que querem tomar conta da cidade ganharem esse guerra”.
Outro colega da vítima, o agente penitenciário Roberto Magave também destacou as qualidades de Clodoaldo e pediu justiça: “É importante frisar que ele veio a óbito porque era um servidor íntegro, honesto, chefiava cerca de 60 agentes, e foi executado porque ele chefiava uma equipe muito boa, de cerca de 60 agentes, e todas as vezes que ele comandava uma revista eram retiradas drogas e armas das celas, assim como impedia a entrada de ilícitos no Iapen, e isso causava grande prejuízo para o tráfico; nós esperamos que seja feita justiça, e que os sejam condenados para que paguem pelo crime brutal que praticaram”.
Irmã da vítima, também muito emocionada, Josimary Pantoja destacou que o agente foi executado por causa da sua atuação contra a entrada de drogas e armas no Iapen: “Essas pessoas foram condenadas no primeiro julgamento em 2015, que foi anulado por conta das alegações da defesa de suposta influência das manifestações populares nos jurados; porém, o que tem que se levar em conta é que esse não foi um simples homicídio, mas sim uma execução em função do exercício profissional, porque ele por várias vezes descobriu a existência de armas e tráfico de drogas dentro do Iapen, descobriu túnel, impediu fugas e foi executado porque ele era chefe de plantão; mas nós estamos mais uma vez reunidos pedindo justiça porque não dá para se calar com um crime bárbaro como esse”.
Pai de Clodoaldo, Miguel Brito mostrou cético com relação à condenação dos acusados e parecia adivinhar que o julgamento não seria realizado: “Não é fácil, até hoje tem uma ferida dentro de mim, porque eu conhecia muito bem o Clodoaldo; era pessoa dócil, trabalhadora, ele fazia tudo para cumprir a sua responsabilidade, e aconteceu aquela crueldade. Ele esteve na sexta-feira à noite na minha casa, conversou comigo, dizendo que ia pegar plantão no domingo e na segunda de manhã viria para casa pra tomar um café e sairmos juntos para resolver um problema meu, mas acabou sendo morto naquele dia. Eu acredito muito na justiça de Deus, mas a justiça do homem é muito falha; eu não tenho perspectiva que esses criminosos vão ser julgados e condenados; mas assim mesmo eu não perco a esperança. Da justiça do homem eles podem até se livrar, mas vão ser condenados pela justiça de Deus”.
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