Polícia

OAB-AP diz que policiais do BRPM assassinaram vigilante da instituição

Vigilante de 30 anos foi morto na madrugada de segunda-feira, 10, dentro da OAB Amapá, durante perseguição de policiais do BRPM a suspeitos de roubar o banco Santander


O Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Seccional Amapá reuniu a imprensa na manhã dessa quarta-feira, 12, para se posicionar oficialmente sobre a ação do Batalhão de Rádio Patrulhamento Motorizado (BRPM), ocorrida na madrugada da última segunda-feira, 10, e que resultou na morte do vigilante Adriano Fortunato da Silva, 30, que exercia a função há 4 anos na Ordem.

Durante a madrugada daquele dia houve o arrombamento e furto de armas de um cofre da agência do banco Santander. A polícia teria sido acionada pela empresa que faz o monitoramento da agência. Os policiais foram deslocados para a área, deparando-se com os suspeitos já em fuga. Os homens teriam entrado no prédio da OAB-AP, onde houve um suposto confronto.

“Os policiais que participaram dessa desastrosa ação afirmaram que nosso funcionário estava envolvido no suposto crime, inclusive, que o Adriano estava armado. Isso já é uma contradição. Nossa vigilância não é armada. Nós estivemos reunidos com o delegado Celso Pacheco, que investiga o caso, e ele declarou, com base em depoimento de pessoas envolvidas no crime e que foram presas, que está descartado o envolvimento do nosso vigilante no roubo ao banco. O Adriano foi vítima de um crime qualificado de homicídio. Lamentavelmente as declarações dos policiais são vilipendiantes”, disse o presidente da Ordem, advogado Paulo Campelo.

O vice-presidente da OAB, advogado Auriney Brito, que chegou momentos após a ação policial, afirmou que a sala de informática da instituição foi arrombada e os computadores revirados. “Invadiram a sala com o objetivo de buscar o DVR, que é o aparelho que grava as imagens das câmeras de segurança. Ocorre que esse aparelho fica em outro local, totalmente seguro. A Polícia Federal periciou a sala e encontrou marcas de coturnos dentro daquele ambiente e em cima de cadeiras. As imagens, na íntegra, estão nas mãos da PF e vão esclarecer certamente o que de fato houve aqui. Ainda existe uma testemunha ocular, para a qual estamos pedindo a inclusão no programa de proteção à testemunha, que detalhou a ação desses policiais. Tudo foi tão desastroso que eles [policiais] se viram obrigados a remover o corpo do estacionamento para simular que nosso funcionário ainda estava vivo. Temos plena certeza de que o exame cadavérico vai revelar que ele já estava morto. Então, o cadáver deveria ter sido removido pela Politec, e não pelos próprios policiais”, observou Auriney Brito.

Membro da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, o advogado Maurício Pereira revelou que a OAB Amapá vai pedir o desmembramento do caso para que os crimes de homicídio qualificado e fraude processual, perpetrados, segundo ele, pelos policiais, possam ser apurados.

“Vamos entrar com uma notícia crime junto à Polícia Civil, requerendo a abertura de um inquérito para apurar responsabilidades. Nós estamos atuando em vários casos que apuram verdadeiras execuções de suspeitos. Chega dessa matança. Temos respeito pela instituição Polícia Militar, mas repudiamos a ação de meia dúzia de policiais que não honram suas fardas e o juramento feito à Constituição. Estamos tomando todas as providências necessárias para responsabilizar esses policiais, e assegurar que eles sejam julgados pelo homicídio desse rapaz que nada teve a ver com a ocorrência”, declarou.

O presidente Paulo Campelo lembrou que Adriano Fortunato estava se preparando para um concurso público, e que naquela madrugada, após ser morto, a Polícia Federal encontrou o notebook do vigilante que estava aberto sobre uma mesa. “O aparelho estava logado em uma página de curso preparatório. Ainda sobre o aparelho havia apostilas e marca textos, o que indica que antes de sair para ver o que estava acontecendo, Fortunato estava concentrado, estudando. Questionaram o fato de ele não estar de uniforme, mas estava devidamente identificado com um crachá, que simplesmente desapareceu. Nós vamos atuar para esclarecer todos os fatos e comprovar esse assassinato cometido por policiais”, concluiu.


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