Polícia

Polícia fecha laboratório que falsificava xaropes no Amapá

Condições do local que servia como laboratório clandestino eram inóspitas


Uma denúncia anônima levou agentes do Núcleo de Operações e Inteligência (NOI), da Polícia Civil, e da Vigilância Sanitária Estadual a ‘estourar’ na manhã desta quinta-feira (1) um laboratório clandestino onde era fabricada uma mistura química composta por açúcar, cachaça e outros produtos de origem desconhecida, e que depois de pronto era engarrafado e vendido como xarope em mercantis e até mesmo farmácias na capital e outros municípios. O laboratório funcionava em uma quitinete localizada na rua Maceió, bairro Infraero II, zona norte de Macapá.

“Recebemos um envelope na delegacia onde constava essa denúncia, além de um frasco desse suposto xarope. De imediato identificamos que o CNPJ indicado no rótulo não existia, assim como a suposta empresa fabricante. De imediato observamos a gravidade da denúncia e montamos campana no local. A Vigilância Sanitária foi acionada para darmos o flagrante”, disse o delegado Alan Moutinho, que preside o inquérito.

No local a polícia prendeu o casal José de Assis da Silva, de 46 anos, e Maria Rosa de Souza Lopes, de 47 anos. Segundo a polícia, o casal mora em Goiás (GO) e estaria comercializando esse produto a pelo menos um ano no Amapá.

“Estamos falando de um crime contra a saúde e outro de falsidade ideológica, além de outros agravantes. Não se sabe que reação essa mistura que eles vendiam provocou nas pessoas que fizeram uso pensando ser um medicamento natural. Vamos periciar esse material apreendido para verificar sua composição e tomar as medidas cabíveis contra essas pessoas”, afirmou o delegado.

Xarope não passava de cachaça, açucar e limão, diz Vigilância Sanitária

Ainda de acordo com as investigações, no laboratório clandestino era produzida apenas uma mistura [melaço]. “São vários frascos diferentes, sendo que cada um servia ‘teoricamente’ para tratar determinada doença, porém, o conteúdo desses frascos era o mesmo, esse melaço feito de água, açúcar e cachaça”, disse o fiscal Ronaldo Mendes, da Vigilância Sanitária Estadual.

“Temos garrafas de cerveja [long nekc] que eram recolhidas nas ruas e simplesmente jogadas dentro de um balde sem nenhum tipo de tratamento químico. Os produtos usados nessa mistura não tem nenhum tipo de certificação. Na verdade, nem sabemos ainda o que era colocado nesse falso xarope. Nesse local nós encontramos baratas, ratos e outras situações degradantes. É um atentado contra a saúde coletiva”, descreveu Ronaldo Mendes.

O delegado Alan Moutinho disse que vai aprofundar as investigações a partir de agora, e pediu aos comerciantes que compraram os produtos falsificados para que façam o recolhimento das prateleiras sob pena de também serem penalizados criminalmente.

“Queremos saber onde as tampas e lacres eram produzidos e quem mais integra esse esquema que parece ter dimensões interestaduais. Estamos pedindo para as empresas que compraram esses produtos façam o descarte desse material, claro, de forma correta, pois vamos iniciar uma intensa fiscalização nesse sentido. Ainda não sabemos ao certo a quanto tempo eles vinham operando esse esquema e quanto em valores eles movimentaram, mas sabemos que os números devem ser elevados, tamanha a comercialização, principalmente, desse xarope de Cumarú”, concluiu.
O casal preso foi levado com os produtos apreendidos para o Centro Integrado em Operações de Segurança Pública (Ciosp) Pacoval. Os advogados de José de Assis e Maria Rosa disseram que ainda iriam buscar acesso à denúncia para poder falar sobre o caso.


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