Sadala reconhece erro do filho, mas condena ação policial
Empresário do ramo de imóveis diz que houve excesso policial
Durante entrevista ao programa LuizMeloEntrevista (Diário 90,9FM), o empresário Ofirney Sadala, de 42 anos, reconheceu o erro do filho, Ofir Sadala, de 22, em ter fugido da fiscalização, mas condenou a abordagem dos policiais envolvidos na ação.
“Reconheci desde o primeiro instante que meu filho errou, sim, ao não atender a ordem inicial dos policiais que estavam de serviço naquela guarnição. Penso que ele ficou nervoso por não ter carteira de habilitação e ficou com medo. Mas nada justifica ele ter fugido, tenho consciência disso. Porém, questiono a forma da abordagem feita pelos policiais que foi extremamente truculenta e covarde”, declarou.
Ofirney Sadala declarou que estava em um aniversário quando recebeu uma ligação informando que os policiais estavam batendo no filho dele em frente à residência da família.
“Quando cheguei em casa, me deparei com o Ofir já algemado e jogado no chão. Eu não sabia até aquele momento o que de fato havia ocorrido. Pensei que fosse apenas a questão da fuga por ele não ser habilitado. Foi quando disse aos policiais que poderíamos resolver aquilo ali mesmo, sem que eu levasse isso à Justiça. Só que o sargento que estava no comando daquela guarnição estava muito alterado”, afirma.
O empresário disse que a declaração: “podemos resolver tudo aqui”, não tinha nenhuma ligação com tentativa de subornar os policiais, mas, sim, de garantir que seu filho seria apresentado na delegacia e que – se fosse o caso – recolher o veículo.
“Mesmo sabendo que não havia necessidade de recolher o veículo por ele [carro] estar com documentos em dia, declarei que poderia ser guinchado e meu filho levado para delegacia até como forma de exemplo. Ao contrário do que muitos dizem, eu sou um pai que age com rigor e nunca ordenei que o Ofir pegasse qualquer carro”, acrescenta.
“Policiais poderiam ter seguido exemplo do Ten. Francisco”, diz empresário
Sadala disse que a situação só foi contornada com a chegada de outra guarnição do BPRE, comandada pelo tenente PM Francisco Alves Neto.
“O tenente Francisco é um exemplo de policial que deveria ser seguido pelos demais integrantes da Polícia Militar. Se não fosse por ele [Ten. Alves Neto] algo de mais grave poderia ter ocorrido. Mas graças a Deus o tenente Francisco teve competência, sabedoria e demonstrou preparo para conduzir a ocorrência. Talvez, se o sargento que agrediu meu filho logo na chegada tivesse agido dessa maneira, nada disso teria ocorrido”, declarou o empresário fazendo reconhecimento à ação do tenente PM Alves Neto.
Ofirney Sadala disse que pediu ao tenente PM Alves Neto para que Ofir fosse levado na viatura dele até a delegacia.
“Foi nesse momento que entrei em casa e fui verificar as imagens das câmeras. Naquele momento verifiquei então a covardia que foi empregada. Está claro que não houve reação. Um dos policiais já abriu a porta do carro desferindo socos no meu filho. Antes, porém, eles atiraram três vezes contra o carro, em altura que poderia ter atingido o motorista. Não foram disparos para perfurar os pneus, foram tiros para matar”, pontua.
E disse mais: “Assim que vi as imagens eu perdi o controle, fui até a varanda do segundo andar e disse muitas coisas aos policiais. Em parte estava certo, mas sei que me excedi em algumas partes. Mas, que pai vai ver seu filho sendo espancado daquele jeito e vai ficar calado. Reconheço que errei, em parte, mas a razão é maior que tudo. Levarei o caso para a Justiça Comum, também, tão logo a Corregedoria da Polícia Militar se pronuncie sobre a conduta dos policiais envolvidos”, concluiu.
Comandante do BPRE diz caso será apurado pela Corregedoria da PM
comandante do Batalhão de Policiamento Rodoviário Estadual (BPRE), capitão PM Rondinele Marques, também em entrevista do programa LuizMelo Entrevista, reconheceu o excesso da guarnição na abordagem, afirmando que todas as medidas administrativas já foram tomadas sobre o caso.
“Os policiais já foram afastados das funções para garantir a apuração que será feita pela Corregedoria da Polícia Militar. Houve excesso, sim, pelas imagens é possível ver que sim, mas isso será devidamente apurado”, reconhece.
O capitão, porém, afirmou que o gerador do conflito foi o próprio motorista sem habilitação. “O carro dele foi avistado em uma área considerada de risco. A abordagem foi de rotina. Assim que a guarnição desembarcou ele acelerou o veículo e fugiu. Ora, quem não deve não teme. Como disse, os excessos serão apurados, mas é necessário que se verifique a atitude suspeita do motorista. Ele foi apresentado na delegacia por perigo de dano ao dirigir em alta velocidade, colocando as vidas das pessoas em risco. É uma conjuntura de erros”, acrescentou.
O comandante lembrou que ações de abordagem feitas pelo BPRE, em 2015, resultaram nas prisões de 28 foragidos e criminosos de crimes diversos, principalmente, assaltantes.
“Nossos policiais passam por cursos intensivos de abordagem. Nesse caso específico, pode haver uma série de fatores que levaram ao excesso, mas serão apurados de forma individual. Isso não pode, no entanto, generalizar ou macular o trabalho que estamos realizando para garantir a segurança da população”, declarou.
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