Soldado feminino do Corpo de Bombeiros tem vida abalada após assédio sexual
Lotada na instituição como jornalista, Carla Samara, vítima de assédio sexual do capitão bombeiro Helder Souza da Silva, passou a tomar remédio controlado a receber assistência psicológica.
Douglas Lima
Da Redação
Foi revelado no início da noite desta segunda-feira, 5, que a soldado do Corpo de Bombeiros Militar do Amapá, Carla Samara, que sofreu assédio sexual do capitão da instituição, Helder Souza da Silva, está com estado emocional abalado, tomando remédio controlado e recebendo assistência psicológica.
A revelação foi feita pela mãe de Carla, senhora Áurea, que emocionada falou no programa ‘Café com Notícia’ (Diário FM 90,9), apresentado por Ana Girlene. A soldado é lotada no setor de comunicação do Corpo de Bombeiros, como jornalista. “Devido ao abalo moral que minha filha sofreu, ela perdeu o gosto pela vida, não se arruma mais, não tem mais vontade de sair de casa”, lamentou a genitora.
O assédio, conforme vem sendo bastante divulgado nas redes sociais, ocorreu em maio de 2017, em Brasília, para onde Carla Samara viajou numa comitiva do Corpo de Bombeiros, da qual também fazia parte o capitão Helder. A comitiva foi à capital federal a propósito da Corrida do Fogo, que ali aconteceu.
Na entrevista no programa Café com Notícia, dona Áurea disse que soube do problema com a filha, imediatamente após o ocorrido, contado pela própria Carla que aos prantos lhe ligou de Brasília dizendo que o capitão Helder acabara de tentar beijá-la e agarrá-la à força no corredor do hotel onde estavam hospedados.
“Esse assédio sexual se estendeu até junho com a minha filha sendo abordada por esse homem até ela resolver fazer a denúncia nas redes sociais. Mesmo assim, não sei por quais motivos, a Carla sempre era escalada para missões comandadas pelo capitão”, descreveu a mãe aflita.
O advogado Marlon Nery, que defende a soldado Carla Samara, também revelou que o capitão Helder Souza da Silva admitiu ‘mea culpa’ no crime de que é acusado, ao se comprometer a pagar para a soldado a importância de R$ 11.244, em 12 parcelas, em processo criminal que correu no Juizado Especial Criminal.
Paralelamente à ação na Justiça Comum, Carla denunciou o superior hierárquico ao Comando do Corpo de Bombeiros, que abriu procedimento administrativo para apurar a denúncia. O procedimento, segundo o advogado Marlon Nery, isentou o oficial de culpa ao decidir pelo arquivamento do caso ao mesmo tempo em que apontou a soldado Carla Samara como autora de ‘transgressão disciplinar’.
O causídico Marlon ainda revelou que o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Carla, numa universidade local, que versou sobre assédio sexual nas unidades do Corpo de Bombeiros brasileiras, foi impedido de ser apresentado no último dia 6 de dezembro, véspera do dia marcado. A bombeiro também é concluinte de Curso de Direito.
Marlon Nery esclareceu que ainda não conseguiu saber qual o motivo de sua constituinte não ter podido apresentar o TCC. “Ainda não sei o motivo, mas quero acreditar que não tenha sido por influência da corporação dos bombeiros do Amapá, pois a tese não se refere a essa corporação, especificamente, mas generaliza pelo Brasil afora”, concluiu o advogado.
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