Alexandre de Moraes prorroga inquéritos sobre milícia digital e suposta interferência de Bolsonaro na PF
Apuração que tentava atentar contra democracia também envolve aliados do governo. No outro inquérito, Moraes determinou que Bolsonaro seja ouvido em até 30 dias
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes decidiuprorrogar, por 90 dias, dois inquéritos relacionados ao presidente Jair Bolsonaro e a seus aliados. Relator dos dois casos, Moraes deu prazo extra às investigações:
– sobre suposta interferência política de Bolsonaro no comando da Polícia Federal;
– sobre uma suposta milícia digital que teria atuado contra a democracia e o Estado democrático de direito.
As duas investigações estão a cargo da Polícia Federal. No caso da ‘milícia digital’, a delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro já havia pedido a prorrogação ao STF na última semana.
No inquérito sobre a suposta interferência presidencial na PF, Moraes já havia determinado na última quinta (7) que a corporação tomasse o depoimento de Jair Bolsonaro em até um mês. Essa deve ser uma das últimas diligências realizadas pelos policiais na investigação.
‘Milícia digital’
A PF apura indícios e provas que apontam para a existência de uma organização criminosa que teria agido com a finalidade de atentar contra o Estado democrático de direito e que se articularia em núcleos de produção, publicação, financiamento e político. Outra suspeita é de que esse grupo tenha sido abastecido com verba pública.
Uma das diligências pendentes é o depoimento do escritor Olavo de Carvalho. A PF quer apurar se há ligação do escritor com a suposta milícia digital. Os investigadores já ouviram blogueiros e youtubers que apoiam o governo do presidente Jair Bolsonaro.
A investigação se concentra em descobrir:
– se esses produtores de conteúdo recebem doações,
– como fazem a monetização dos canais e
– se eles tinham conhecimento ou não de fraudes no sistema do TSE.
Nos depoimentos, a maioria dos “influencers” bolsonaristas admitiu que não tem conhecimento de problemas no sistema. Eles dizem que estavam apenas emitindo opiniões pessoais.
O inquérito foi aberto no começo de julho, após o ministro Alexandre de Moraes ter determinado o arquivamento do inquérito que investigou atos antidemocráticos deflagrados no início do ano passado. O arquivamento atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República.
“Considerando a expiração do prazo de permanência do inquérito em sede policial, bem como a necessidade de prosseguimento das investigações, determino: sigam os autos ao crivo do Exmo. Sr. Ministro Relator, para ciência e concessão de novo prazo para continuidade da apuração”, diz o documento assinado pela delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro, que comanda a apuração.
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