Bolsonaro diz a estudantes que professora ‘esquerdista’ deveria ler livro de torturador da ditadura
Na porta do Palácio da Alvorada, alunos pediram que o presidente gravasse vídeo mandando abraço para professora ‘petista’. Bolsonaro recomendou obra do coronel Brilhante Ustra.
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (30), para estudantes que o esperavam na portaria do Palácio da Alvorada, que a professora “de esquerda” dos jovens deveria ler o livro do torturador da ditadura militar coronel Brilhante Ustra.
Ustra, morto em 2015 em meio ao tratamento de um câncer, chefiou entre setembro de 1970 e janeiro de 1974 o DOI-CODI em São Paulo, órgão de repressão política durante a ditadura. No período, foram registradas ao menos 45 mortes e desaparecimentos forçados, segundo a Comissão Nacional da Verdade.
Em 2012, a segunda instância da Justiça considerou Ustra como torturador, em uma “ação declaratória” que buscava a via judicial para que ele fosse apontado como responsável por crimes de tortura. O coronel sempre negou ter cometido atos de violência.
A obra de Ustra citada por Bolsonaro é o livro “A Verdade Sufocada – A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça”.
É comum apoiadores do presidente o aguardarem na porta da residência oficial para tirar fotos ou enviar alguma mensagem de incentivo. Os estudantes desta segunda-feira pediram para o presidente gravar um vídeo com um abraço para a professora deles. Bolsonaro perguntou se ela era esquerdista, os jovens responderam que sim. Nesse momento, estudantes e o presidente riram.
Bolsonaro então perguntou de que partido a professora era, e os alunos disseram: “petista”. Foi quando o presidente disse que os jovens deveriam recomendar à profissional a leitura do livro de Ustra.
“Só ler. Depois ela tira as conclusões. Lá são fatos, não é blá-blá-blá de esquerdista, não”, afirmou o presidente.
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