Política Nacional

Brasil repatria US$ 54 milhões desviados da Petrobras por lobista

Devolução fez parte do acordo de delação premiada de Julio Faerman


O Ministério Público Federal informou ter concluído a repatrição de US$ 54 milhões (cerca de R$ 190,4 milhões) obtidos ilegalmente pelo lobista Julio Faerman em contratos da Petrobras com a SBM Offshore, empresa holandesa especializada em navios-plataforma. A devolução foi prometida pelo lobista em seu acordo de delação premiada com a Lava Jato, e foi fruto de uma cooperação entre Brasil, Suíça e Holanda.

Principal vendedor da SBM no Brasil, Faerman foi acusado de corrupção ativa, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e associação criminosa junto com outras 12 pessoas. Os valores, que estavam depositados em bancos suíços, já estão no Brasil para serem depositados numa conta da 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, após a conversão para o real.

Antes da repatriação, o MPF pediu à Suíça, em outubro de 2015, cooperação para a obtenção de provas, especialmente documentos bancários, sobre Faerman e outros envolvidos nos crimes. Só depois o lobista decidiu colaborar com as investigações. Faerman tinha uma empresa própria, aberta em 1995, no Rio de Janeiro, que firmava contratos de consultoria e representação com a SBM.

As comissões nas vendas variavam entre 3% e 10%, dependendo do tipo de contrato da SBM com a Petrobras ou com outras empresas, do material fornecido e da existência ou não de licitação. Parte das comissões eram transferidas para contas na Suíça de empresas offshore de Faerman e outro sócio, sediadas nas Ilhas Virgens Britânicas e no Panamá, considerados paraísos fiscais.

Das contas na Suíça, o dinheiro retornava para empregados da Petrobras para pagamento de propina, em troca de tratamento diferenciado para a SBM, como informações sobre empresas concorrentes e a estimativa de preço esperado pela Petrobras em licitações.


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