Política Nacional

Cunha diz que é ‘fascista’ querer que regimento só sirva contra ele

Presidente da Câmara acusa Conselho de Ética de descumprir regras


Diante das críticas após a suspensão dos trabalhos do Conselho de Ética na quinta-feira (19), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltou negar neste sábado (21) qualquer tipo de interferência nos trabalhos do colegiado, onde é investigado por suposta quebra de decoro parlamentar. Ele chamou de “fascista” a atitude de seus adversários de quererem que o regimento só sirva contra ele.

Cunha foi acusado de ter coordenado uma manobra para adiar a análise de seu processo no conselho. Indignados, diversos parlamentares deixaram o plenário sob protesto e aos gritos de “vergonha” e “fora, Cunha”, inviabilizando as votações naquele dia.

Segundo Cunha, a sessão no plenário principal já estava marcada e começou praticamente no mesmo horário que toda quinta-feira. De acordo com Cunha, a direção do Conselho de Ética é que deveria ter marcado a reunião em outro horário.

“Não tenho nenhum interesse nisso [em interferir no Conselho de Ética]. Eu só quero que seja preservado o meu direito de defesa normal e que seja obedecido o regimento. O regimento tem que ser obedecido por todos, não é privilégio meu obedecer ao regimento, é obrigação minha. Também é obrigação de todos os presidentes de comissões, inclusive do conselho de ética”, disse Cunha.

E acrescentou: “Não pode ter uma atitude até certo ponto fascista de alguns, que são meus adversários, quererem que o regimento só sirva contra mim”.

Na quinta, a previsão era que o relator do caso, deputado Fausto Pinato (PRB-SP), lesse o seu relatório preliminar pela continuidade das investigações. Alvo da Operação Lava Jato, Cunha é acusado de manter contas secretas no exterior, o que ele nega. O peemedebista diz ter apenas o usufruto dos ativos.

No entanto, aliados do peemedebista entraram em ação e fizeram diversos questionamentos antes da leitura com o objetivo de atrasar os trabalhos do colegiado. Nesse meio tempo, Cunha deu início ao período de votações no plenário principal e as comissões tiveram que interromper as atividades.

O presidente do conselho, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), decidiu suspender a sessão para retomá-la no fim do dia, quando as votações teriam terminado. No entanto, aliados de Cunha apresentaram no plenário uma questão de ordem pedindo a anulação da reunião do conselho. A medida gerou críticas e Cunha teve que voltar atrás.


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