Política Nacional

Desarticulado, equipe e metas curtas vão garantir credibilidade a Bolsonaro

Bolsonaro precisa ser certeiro se quiser manter apoio popular


Eleito com a promessa de “varrer” a velha política do Estado brasileiro, Jair Bolsonaro (PSL) terá dificuldades para domar o Congresso e manter sua governabilidade sem negociar espaços no governo federal. Por outro lado, compor uma boa equipe ministerial, que reflita o acordo feito nas urnas, é manter a credibilidade com o eleitorado. O próximo presidente saiu vitorioso das urnas exclusivamente pela base social que conseguiu aglutinar.

Bolsonaro não conta com uma base partidária coesa – todos os eleitos na Câmara dos Deputados e Senadores gravitam em torno de sua figura – e não conta com apoios políticos fortes para além do baixo clero, segmento que integrou nas últimas duas décadas como deputado federal.

Sem o traquejo político que se espera de um presidente prestes a receber um País que patina para sair da recessão, o militar da reserva não terá uma ampla margem de erro neste início de governo, sobretudo por ter sido ator decisivo na polarização que dividiu o eleitorado. Sendo assim, especialistas avaliam que montar um bom governo e traçar metas de alcance curto são medidas que trarão respaldo inicial.

“Grande parte do corpo ministerial é um pouco mais ingênuo na articulação. Talvez o mais perdido nisso é o Paulo Guedes. No primeiro semestre de 2003, com o PT no governo, foi muito tenso, porque o corpo ministerial estava perdido. Depois de seis meses as coisas se alinham”, disse o especialista em comunicação política da Universidade Mackenzie, Roberto Gondo, lembrando que todo início de gestão tende a causar receios. Ele observa que o corpo ministerial não contará com nomes conhecidos, porém contam com “aceitação popular”. Ter o juiz federal Sérgio Moro como “superministro” da Justiça, foi o tiro certo de Bolsonaro, que consegue atingir os anseios de seu eleitorado e tira do foco central possíveis erros que possa vir a fazer.

“Escalar o Moro adormeceu o eleitorado. Apenas nesse trato ministerial, com a redução de cargos quase pela metade, já mostra algo para o eleitor que aguardava esse discurso eleitoral posto em prática”, completou Gondo.


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