Política Nacional

Edison Lobão exigia propina maior por ser ministro, diz Machado

Lobão pediu R$ 500 mil mensais; Machado disse que podia pagar R$ 300 mil.
Defesa de Lobão diz que senador nega ter recebidos valores de Machado.


O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou sem seu acordo de delação premiada que foi pressionada a pagar a “maior propina do PMDB” ao então ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, hoje senador pelo PMDB do Maranhão. Segundo Machado, a exigência foi feita por Lobão por causa da condição de ministro e porque a Transpetro estava vinculada ao ministério que ele comandava.

O acordo de delação premiada, que pode reduzir eventuais penas de Machado, em caso de condenação, foi homologado pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). A íntegra dos depoimentos, que somam 400 páginas, foi tornada pública no inicio da tarde desta quarta-feira (15).

O ex-presidente da Transpetro afirmou a investigadores da Operação Lava Jato ter repassado propina a mais de 20 políticos de 6 partidos. O novo delator contou sobre pedidos de doações eleitorais de parlamentares de PMDB, PT, PP, DEM, PSDB e PC do B.

Em relação a Edison Lobão, Machado afirmou que, “na qualidade de Ministro, [Lobão] queria receber a maior propina mensal paga aos membros do PMDB”. “O depoente disse que iria estudar as possibilidades e que voltaria a encontrá-lo em breve para fixar os valores;”, disse.

Responsável pela defesa de Lobão, o advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que o senador nega “peremptoriamente” ter recebido qualquer valor, “a qualquer titulo”, de Sérgio Machado.

Pedido de R$ 500 mil por mês

Segundo o delator, Lobão pediu R$ 500 mil por mês, mas Machado disse que só tinha condições de pagar R$ 300 mil. O ex-ministro orientou, segundo o delator, a forma, o local e o destinatário do dinheiro desviado de contratos da Transpetro.

“Que Lobão disse ao depoente que queria receber esse recurso em dinheiro e no Rio de Janeiro, frisando que só poderia ser no Rio de Janeiro e que o elo era seu filho, Márcio Lobão”, diz trecho da delação.

Ao todo, segundo o delator, o ex-ministro Edison Lobão recebeu R$ 24 milhões em propina, dos quais R$ 2,7 milhões foram pagos por meio de doações oficiais da Camargo Correa e da Queiroz Galvão em 2010 e em 2012.

Machado também disse que as doações, em geral, eram feitas para o diretório nacional do PMDB, e não para o candidato, ou ao diretório do partido no Maranhão, mas sempre “carimbadas”, ou seja, destinadas a Lobão.

Alguns destaques da delação de Machado:

– Machado diz que repassou propina a mais de 20 políticos;

– a propina, segundo ele, era paga por meio de doações eleitorais oficiais;

– alguns políticos também receberam dinheiro em espécie, diz ele.


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