Há argumentos ‘falaciosos’ contra reforma da Previdência, diz ministro da Fazenda
Segundo ele, alguns institutos fazem cálculos que não consideram todas as despesas da Previdência Social, e, por isso, as suas contas mostram um resultado positivo na Previdência.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que há diversos argumentos, contrários à reforma da Previdência Social que são “falaciosos”. Ele citou, como exemplo, as afirmações de que não haveria déficit no sistema previdenciário e, também, que com a cobrança da dívida ativa do sistema de previdência, o problema estaria resolvido.
Segundo ele, alguns institutos fazem cálculos que não consideram todas as despesas da Previdência Social, e, por isso, as suas contas mostram um resultado positivo na Previdência.
“Existe um grande número de despesas da seguridade social que não estavam computadas [nesses cálculos alternativos]. Quando se considera tudo, vira um déficit enorme. Essa apresentação muda, e com o passar do tempo os números são torturados de uma forma diferente”, declarou ele, durante o seminário “Os caminhos para a reforma da Previdência”, promovido pelo jornal Valor Econômico.
Sobre o argumento de que, com a cobrança de todas as dívidas previdenciárias em atraso, o sistema não seria mais deficitário, Henrique Meirelles afirmou que as cobranças dos débitos em atraso já são buscadas de forma “agressiva” pelo governo, mas disse que grande parte das dívidas (mais de 60%) são de “companhias falidas e quebradas”, ou seja, com possibilidade pequena de recuperação dos valores.
Existe ainda uma parte, de acordo com ele, que está sendo questionada na Justiça. “Há R$ 50 bilhões de dívida em processamento com chance de receber e mais uma parte em processo de cobrança. Agora, mesmo que cobrasse tudo amanhã, fora do estado de direito, é só um pedaço do déficit atual [que seria coberto]”, acrescentou o ministro da Fazenda.
Segundo ele, o déficit da Previdência Social brasileira é enorme e crescente. “Está na hora de o Brasil fazer essa mudança. Sem chegar a um ponto de cortar benefício depois que a situação está absolutamente insustentável. Temos de mudar a trajetória e o ritmo de crescimento para que o Brasil tenha uma previdência sustentável. A questão não é discutir se é a favor ou contra, mas o problema é que é necessário que as contas sejam sustentáveis”, declarou o ministro.
Henrique Meirelles afirmou por várias vezes, durante sua apresentação no seminário, que, se nada for feito neste momento, a trajetória das contas da Previdência Social será insustentável nos próximos anos.
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