Política Nacional

Lula diz que ‘combinação’ de medida provisória ‘é coisa de bandido’

Depoimento foi anexado a processo sobre venda de medidas provisórias


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que uma eventual “combinação” do teor de uma medida provisória é “coisa de bandido” e declarou que nunca recebeu lobistas nem propostas de vantagens indevidas enquanto exerceu a Presidência da República.

O depoimento foi dado na Superintendência da Polícia Federal em Brasília e anexado ao processo penal que reúne 16 acusados de participar do esquema de venda de medidas provisórias investigado pela Operação Zelotes. Lula foi ouvido na condição de colaborador, não como suspeito nem testemunha – nesta sexta, um dos réus da Zelotes desistiu de incluir Lula como testemunha de defesa.

No depoimento, agentes da PF questionaram o ex-presidente sobre o trecho de um relatório apreendido no escritório de uma das empresas do advogado e lobista Mauro Marcondes que dizia que a MP 512/2010 “foi combinada entre o pessoal da Fiat, o presidente Lula e o governador Eduardo Campos”.

Marcondes foi preso na Zelotes e é apontado pelos investigadores como o responsável por comprar medidas provisórias para atender interesses de empresas automotivas.

“Que se reuniu algumas vezes com o então governador do estado de Pernambuco Eduardo Campos, o qual levou [Cledorvino] Belini, não se recordando se ele estava na condição de representante da Fiat e/ou presidente da Anfavea, e que foram esclarecidos os benefícios da instalação da fábrica da Fiat no estado de Pernambuco”, diz trecho do depoimento. “Que a partir daí a discussão se transcorreu dentro dos setores técnicos dos ministérios”.

Ao responder sobre se a informação procedia, Lula disse que “combinação”, em sentido pejorativo, é “coisa de bandido” e que tal tratativa não ocorreu. Lula também declarou que não teriam “coragem” de lhe oferecer vantagens indevidas em troca de decisões políticas. “Que nunca houve qualquer tipo de vantagem indevida ou proposta financeira ao declarante para que propusesse alguma medida provisória e que ninguém teria coragem de lhe fazer uma proposta dessa”, afirmou.


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