Maia diz que é preciso votar denúncia contra Temer para retomar análise de reformas
Presidente da Câmara disse estimar quórum acima de 480 deputados na sessão, mas negou que tenha conversado pessoalmente com os parlamentares.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta sexta-feira (28) que é preciso concluir a votação do prosseguimento da denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) na Câmara para que a Casa retome a análise das reformas, como a da Previdência e a tributária.
O plenário da Câmara vai decidir se a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que acusa Temer de corrupção passiva deve ou não seguir para o Supremo Tribunal Federal (STF). A votação está marcada para a próxima quarta-feira (2).
“A gente precisa votar a denúncia para que a gente volte a votar reformas. […] Haverá quórum, tenho certeza”, declarou Maia. “Na quinta-feira, a gente precisa ter agenda de reformas em andamento”, completou.
“Respeitando a opinião de cada um, acho que é muito grave que a Câmara não tome uma decisão, que seja para aprovar ou não. O que a gente não pode é deixar o paciente no centro cirúrgico com a barriga aberta”, disse. “É isso que o Brasil espera, que quando um paciente entra no centro cirúrgico, que ele saia com uma solução para a sua doença.”.
Para ser aberta, a sessão que analisará na Câmara a denúncia contra Temer precisa de quórum mínimo de 51 deputados. Para dar início à votação, é necessário o registro da presença de 342 dos 513 deputados, mesmo número necessário para que seja aprovada a denúncia.
Maia disse estimar quórum acima de 480 deputados na sessão, mas negou que tenha conversado pessoalmente com os parlamentares para saber quem estará presente. “Não preciso [conversar], tenho certeza [que estarão presentes].”
Apoio ao governo e à política econômica
Maia concedeu entrevista coletiva em São Paulo após reunião com o prefeito em exercício da capital paulista, vereador Milton Leite (DEM), seu colega de partido. Na entrevista, Maia disse apoiar o governo de Temer e a política econômica adotada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
“Defendo que se mantenha a política econômica desse governo federal, que a gente não deve, não pode, mexer na meta que foi apresentada no início do ano. Já temos um rombo fiscal enorme”, disse o deputado. Para Maia, as reformas da Previdência e tributária podem beneficiar a economia mais do que a mudança da meta fiscal.
“A gente precisa votar a denúncia [contra Temer] exatamente pra que a gente possa retomar ao tema das reformas. Porque com as reformas é que a gente vai conseguir superar esse déficit fiscal, que não é apenas de R$ 139 bilhões, é maior”, declarou.
Reunião no Jaburu
Na noite desta quinta-feira (27), Temer recebeu, no Palácio do Jaburu, ministros e parlamentares com o objetivo de discutir as estratégias para barrar o prosseguimento da denúncia contra ele.
Maia participou do encontro é disse nesta sexta-feira ter atuado apenas com “árbitro” que presidirá a sessão e que tem “papel institucional”.
Além de reunir parlamentares, Temer também tem adotado a estratégia de ligar para deputados indecisos para tentar convencê-los a apoiar o governo na votação, conforme mostrou o Bom Dia Brasil nesta quarta -feira.
Denúncia
Com base nas delações de executivos do grupo J&F, que controla a JBS, Temer foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal pela Procuradoria Geral da República (PGR) pelo crime de corrupção passiva. Mas o STF só poderá analisar a peça se a Câmara dos Deputados autorizar.
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