Odebrecht negocia colaborar e devolver dinheiro, diz MP peruano
Empresa brasileira admitiu ter pago US$ 29 milhões em propina no país entre 2005 e 2014
Após admitir subornos em vários países para ganhar obras públicas, a Odebrecht está negociando com a Procuradoria do Peru a entrega de informações e a devolução de dinheiro ganho de forma ilícita no país, informou nesta segunda-feira (2) o Ministério Público peruano.
“Estamos negociando com a empresa Odebrecht no Peru o acesso à informação valiosa e útil para acelerar nossa investigação e a entrega ao Estado peruano de um valor pecuniário por conta dos ganhos ilícitos no país”, disse à imprensa o procurador Hamilton Castro, chefe de um grupo formado para analisar as denúncias de subornos pela Odebrecht no Peru entre 2005 e 2014.
Na sexta-feira (30), a Odebrecht havia manifestado sua disposição de colaborar com a justiça peruana, tal como fez com os Estados Unidos e o Brasil, para poder seguir operando no país. Um dia antes, o governo havia anunciado mudanças na lei de licitações no país para excluir a Odebrecht e outras empresas ligadas à corrupção de obras públicas.
Castro afirmou que o esquema criminoso da Odebrecht não tem precedente no país. “Não se trata do clássico suborno e entrega de dinheiro como estamos acostumados a verificar, e sim de um sistema altamente elaborado para não ser detectado”, por isso “é importante para a Procuradoria contar com a colaboração da própria empresa” para receber informações relevantes.
O procurador-geral do Peru, Pablo Sánchez, informou na mesma coletiva que conversará com o procurador-geral da República do Brasil, Rodrigo Janot, para estreitar os laços de cooperação internacional e combate à corrupção.
A Odebrecht admitiu o pagamento de US$ 29 milhões a funcionários peruanos em troca de contratos para obras no país entre os anos de 2005 e 2014, segundo documentos do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ).
No período, a construtora participou de mais de 40 projetos no Peru, que envolveram cerca de US$ 12 bilhões em gastos públicos durante os governos de presidentes: Alejandro Toledo, Alan García e Ollanta Humala.
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