Política Nacional

Paulo Guedes defende ‘travar o resto todo’ do orçamento caso auxílio emergencial seja renovado

Ministro da Economia defendeu que servidores públicos continuem sem reajuste e que não haja aumento automático de verbas para educação e segurança pública


O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou em conferência para investidores promovida pelo banco Credit Suisse que a estratégia da área econômica é levar adiante a vacinação em massa da população brasileira e aguardar a queda da taxa de mortalidade da Covid-19 e o retorno de um nível mais forte da atividade econômica, de modo que não seja preciso renovar o auxílio emergencial.

Segundo ele, porém, se a vacinação atrasar e a pandemia se agravar, e isso levar à necessidade de renovar o auxílio emergencial, os demais gastos do governo têm de ser contidos.

“Não pode ficar gritando guerra toda hora. Tem de ter muito cuidado”, disse Guedes, referindo-se ao chamado “orçamento de guerra”, aprovado pelo Congresso no ano passado e que permitiu ao governo o investimento bilionário em ações de combate à pandemia, entre as quais o pagamento do auxílio emergencial a trabalhadores informais.

“Quer criar o auxilio emergencial de novo? Tem de ter muito cuidado. Pensa bastante, pois, se fizer isso, não pode ter aumento automático de verbas para educação, para segurança pública, pois a prioridade passou a ser absoluta, é uma guerra. Aqui é a mesma coisa, se apertar o botão ali, vai ter de travar o resto todo [do orçamento]. Então vamos observar a economia, a saúde — os dois andam juntos — e esperar pelo melhor”, completou.

Partidos de oposição e mesmo aliados do governo têm defendido uma nova rodada do auxílio emergencial. O presidente Jair Bolsonaro, entretanto, tem dito que não será possível o pagamento do benefício em 2021 devido à disparada do endividamento público no ano passado.

 

Sem reajuste

Entre as medidas para cortar gastos em caso de renovação do auxílio, Guedes defendeu que servidores públicos continuem sem reajuste e que não haja aumento automático de verbas para educação e segurança pública.

“A classe política tem de assumir a responsabilidade pelos orçamentos. Se ela apertar o botão vermelho, de emergência, não é só pegar o dinheiro e sair correndo. Tem de fazer todo o protocolo de sacrifício por anos. Se você está em guerra, não tem distribuição de medalha antes de a guerra acabar, ou seja, não pode ter aumento de salário enquanto não passar um, dois anos depois da guerra. Tem de pagar o custo da guerra, não pode empurrar isso para as futuras gerações”, disse.

Ainda comparando a pandemia com um cenário de guerra, ele afirmou que liberar uma nova rodada de auxílio emergencial, com alto impacto nos gastos públicos, seria igual a disparar uma “bomba atômica”.


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