Sem Previdência, medida vira “última cartada” de Temer
Temer procura uma marca que possa ofuscar a crise política
A intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro virou a última cartada do presidente Michel Temer na tentativa de encontrar uma agenda com respaldo popular para substituir a iminente derrota do governo na votação da reforma da Previdência. A sete meses e meio das eleições, com planos de disputar um novo mandato e a bandeira reformista sob ameaça, Temer procura uma marca que possa ofuscar a crise política. Embora o presidente diga que revogará o decreto da intervenção quando tiver apoio para votar as mudanças na aposentadoria – uma vez que, enquanto durar a medida, a Constituição não pode ser alterada -, até aliados admitem, nos bastidores, o naufrágio da reforma.
Desde o ano passado o Palácio do Planalto tenta, sem sucesso, conquistar o aval de 308 dos 513 deputados para aprovar novas regras do INSS. Sem qualquer perspectiva de obter esses votos, Temer vai apostar agora na pauta do combate à violência e ao crime organizado como uma espécie de tábua de salvação para os últimos meses de mandato.
O plano vinha sendo costurado havia alguns dias, mas somente saiu do papel na quinta-feira à noite depois que os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Raul Jungmann (Defesa) foram ao Rio convencer o governador Luiz Fernando Pezão (MDB).
Pesquisas encomendadas pelo Planalto mostram que a segurança é uma das principais preocupações da população, ao lado da saúde. Os dados coincidem com os últimos levantamentos feitos pela cúpula do MDB, em busca dos principais temas para tratar na campanha eleitoral.
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