Será preciso mexer em vacas sagradas do PT, diz ex-presidente do BNDES
O deficit primário de 0,9% do PIB (Produto Interno Bruto) previsto pelo governo para este ano é esperado dentro do cenário econômico atual e não prejudica a classificação de risco do Brasil no curto prazo, afirma o ex-presidente do BNDES Luiz Carlos Mendonça de Barros.
Para ele, o medo de um colapso econômico entre os agentes do mercado diminuiu. ”Passamos de uma histeria coletiva para uma situação de quase normalidade”, afirma. A calmaria só se sustentará, no entanto, se o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tiver estabilidade no cargo para continuar com as medidas de ajuste fiscal, diz.
Ainda assim, o atual governo não terá força política para promover reformas estruturais mais profundas.
Estancada a sangria, o governo diz que deve cortar despesas nos próximos anos. É possível fazer isso no Brasil, com tantas despesas em que não se pode mexer?
É possível, mas vai ter que mexer em vacas sagradas do governo do PT e da Dilma. É preciso ter uma posição mais radical com uma série de programas do governo que até agora estão sendo preservados.
Agora, outra questão importante é que, pela primeira vez em muito tempo, a situação fiscal virou assunto de discussão nacional. Essa é a primeira etapa para permitir que se faça um trabalho de longo prazo e estrutural nas despesas do governo.
A expectativa de que 2016 seria o ano da recuperação vem sendo, aos poucos, substituída pela ideia de, melhora mesmo, só em 2017. O próximo ano também será ruim?
Ah sim, porque esse ajuste leva tempo. No último trimestre de 2016, a situação vai estar melhor do que na média do ano. Você vai ter uma recuperação da indústria, que representa 10% do PIB, com a recuperação importante das exportações. Se você soma isso com os 5% do PIB do agronegócio, já começa a ter recuperação.
Além disso, a redução de crédito e o aumento de juros estão levando os consumidores a fazer uma revisão grande de seus gastos, e vamos ter um consumidor muito mais equilibrado financeiramente no ano que vem –e, portanto, com condições de recuperar o consumo.
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