‘Sistema político está apodrecido’, diz procurador da Lava Jato
O político ‘obstruiu’ o trabalho de CPI e CPMI mista da Petrobras, diz MPF
“O sistema político-partidário no país está apodrecido pelo abuso do poder econômico”, afirmou o procurador Carlos Fernando de Lima, ao detalhar a 28ª fase da Operação Lava Jato. Nesta etapa, foi preso o ex-senador Gim Argello (PTB-DF), suspeito de cobrar propina para evitar convocação de empresários a comissões parlamentares de inquérito em 2014 e 2015.
Segundo Lima, “o uso do poder é que gera corrupção. O exercício do poder, seja por qual partido for, tem gerado corrupção. E essa corrupção tem como finalidade suprir o caixa de campanhas políticas. Tanto é verdade que esses valores, boa parte, foram encaminhados para partidos da base de apoio desse senador, Gim Argello, entre eles, partidos inclusive da oposição.”
O Ministério Público Federal (MPF) diz que há evidências de que o ex-senador pediu R$ 5 milhões em propina para a empreiteira UTC Engenharia e R$ 350 mil para a OAS – as duas empreiteiras são investigadas na Lava Jato.
Os recursos foram enviados a partidos indicados por Gim, DEM, PR, PMN e PRTB, na forma de doações de campanha. O procurador Carlos Lima afirmou que o esquema de travestir propinas em forma de doações aparentemente legais “já existe e há muito tempo”.
Os investigadores dizem que não há indícios de que os partidos beneficiados sabiam das negociações e da origem ilícita dos recursos. As siglas, juntamente com o PTB, formaram em 2014 a coligação “União e Força”, pela qual Gim Argello era candidato a novo mandato de senador pelo DF.
A 28ª fase ficou restrita à atuação de Gim Argello para obstruir comissões parlamentares. Ele foi membro da CPI da Petrobras no Senado e vice-presidente da CPI mista, no Senado e na Câmara. Ricardo Pessoa, presidente da UTC, foi convocado para depor na CPI, mas liberado da CPI mista.
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