Adão Carvalho: venda de carro, viagem de avião, concurso e uma vida de justiça no Amapá
Desembargador Adão Carvalho chega ao ápice da carreira de magistrado como presidente
Douglas Lima
Editor
Funcionário concursado da Justiça do Rio de Janeiro, morador de Copacabana, Adão Carvalho vendeu o carro, a única coisa material de valor que ele tinha, segundo suas palavras, para pagar viagem de avião e conseguir chegar ao Amapá para fazer concurso público para juiz de direito.
No programa ‘Togas e Becas’ (Diário FM 90,9) deste sábado, 4, doutor Adão contou um pouquinho de sua história. É o day after da sua posse como presidente do Tribunal de Justiça do Amapá (Tjap).
Adão Carvalho soube do concurso público para juiz do Amapá, no Rio de Janeiro, no rodapé duma edição do Diário Oficial da Justiça que ele em fins de 1990 folheava na repartição em que trabalhava.
De imediato se interessou pelo concurso. Mas logo depois, caindo na realidade, viu que o Amapá era no outro extremo no país, muito distante, viagem longa e cara, e ele sem dinheiro.
Mas, persistente, resolveu se desfazer do carro, a única coisa material de bem maior que então possuía. Aproximou-se do veículo e falou: “É, meu amigo, infelizmente a gente vai ter que se separar”.
E Adão se mandou para o Amapá. Fez o concurso, passou e nisto já está há 31 anos no estado, tendo sido juiz de direito no Oiapoque, Ferreira Gomes, Laranjal do Jari, Santana e Macapá.
Doutor Adão Carvalho, dia 7 de dezembro do ano passado, foi aclamado presidente do Tjap. Mas chegou ao topo do sonho de qualquer magistrado, sexta-feira, 3, ao tomar posse no cargo, em concorrida solenidade.
Impacto
No Togas e Becas, o recentíssimo desembargador-presidente do Tribunal de Justiça do Amapá, Adão Carvalho, cumpriu o primeiro compromisso de sua gestão, a própria entrevista, costume que vem de anos: gestor empossado presidente do Tjap dá primeira entrevista no programa Togas e Becas da Diário FM.
Depois, falou de sua vinda para o Amapá. Juiz concursado, foi designado para atuar na Vara de Justiça da Comarca de Oiapoque. O choque de realidades que ele teve ao chegar naquele município, foi impactante.
Um jovem de Copacabana de repente se via em Oiapoque, cidade no extremo norte do país, atrasada em todos os sentidos; a luz elétrica só era fornecida das 10h da manhã às 8h da noite. “Mas fui me adaptando. Como sou resiliente, trabalhar em Oiapoque me serviu de lição de vida”.
Adão passou dois anos e seis meses no município de fronteira, onde conheceu todas as aldeias indígenas ali existentes. Também presidiu a eleição de 1992, realizada com cédulas de papel.
Ainda soube conviver no respeito e aplicação da lei com a lendária prefeita Maria Bezerra, esposa do então deputado estadual Milton Bezerra. Esse casal era famoso porque trataria os seus desafetos, matando-os pessoalmente ou mandando matar.
Como presidente do Tjap, o desembargador Adão promete que basicamente dará continuidade a todos os projetos deixados pelo antecessor Rommel Araújo, e alguns ainda da época da gestão do desembargador João Lages.
O presidente pretende, já na quarta-feira, 8, quando o Tribunal de Justiça prestará homenagem ao Dia Internacional da Mulher, iniciar as transmissões da TV Justiça em todas as sessões plenárias.
Adão Carvalho, entre outros planos e projetos, além da finalidade precípua do Tjap, que é levar a Justiça à população, sem distinções, também pretende iniciar a ampliação do prédio do Tribunal de Justiça do Amapá.
Ele descreve a obra como “uma coisa espetacular, de seis andares, padrão socioambiental, acessibilidade, energia solar e captação de água, entre outros modernos instrumentos”.
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