Política

Amapá é o único estado do Norte que reserva vagas nas universidades para trans

Isso é o quê revela projeto de lei da deputada paulista Erika Hilton sobre garantia de vagas para pessoas trans e travestis


 

O estado do Amapá, entre universidades de três unidades da Federação, e o único do Norte a reservar vagas nas universidades federais para pessoas trans. A informação está em projeto de lei da deputada federal Erika Hilton (Psol-SP), que reserva 5% das vagas em cursos de graduação nas universidades federais e demais instituições federais de ensino superior para pessoas trans e travestis. Para os cursos com menos de 50 vagas, deverão ser reservadas três vagas para esse grupo.

 

O texto considera pessoas trans e travestis aquelas que não se identificam com o gênero que lhes foi atribuído em seu nascimento, a partir do critério da autodeclaração. Elas terão de se submeter à fiscalização das instituições de ensino para ter sua autodeclaração confirmada.

 

Essa fiscalização deverá levar em conta o respeito à dignidade humana, sendo vedada a exigência de apresentação de laudos médicos para comprovar a identidade dessas pessoas.

 

 

“Dentre aquelas que já incluíram essas reservas, três estão localizadas no Nordeste, no estado da Bahia (Uneb, UFSB e UEFS), uma no Sudeste no estado de São Paulo (UFABC) e uma no Norte, no estado de Amapá (Ueap)”, detalha Erika.

 

Fraude

Se houver fraude na autodeclaração, a pessoa será eliminada do vestibular e, se houver sido matriculada, ficará sujeita à anulação da matrícula, após procedimento administrativo em que lhe sejam assegurados o contraditório e a ampla defesa.

 

Se quantidade de pessoas trans e travestis aprovadas for inferior à cota reservada, as vagas remanescentes serão preenchidas pelos demais candidatos aprovados, observada a ordem de classificação.

 

Acompanhamento

Os ministérios da Educação e dos Direitos Humanos, por meio da Secretaria Nacional dos Direitos da População LGBTQIA+, serão responsáveis pelo acompanhamento e avaliação desse programa de cotas.

 

As instituições de ensino deverão instituir e coordenar comitês técnicos, em conjunto com organizações e atores LGBTQIA+, para:

viabilizar o recebimento e a apuração de denúncias de transfobia;

estruturar ações voltadas à permanência dessas pessoas beneficiadas pelas cotas na universidade; viabilizar o uso de banheiros e vestiários de acordo com a identidade de gênero; promover o respeito ao uso do nome social.

 

Iniciativas estaduais

A deputada Erika Hilton destaca que universidades federais de várias regiões do país já implementaram reserva de vagas para pessoas trans e travestis em seus cursos de pós-graduação, mas, na graduação, poucas possuem cotas para essas pessoas.

 

Ela lembra que, no caso das cotas para negros na universidade, “a implementação nacional garantiu que três vezes mais pessoas negras, quilombolas e indígenas pudessem ingressar nas universidades e institutos federais”.

 

Erika Hilton afirma que seu projeto busca garantir o acesso e a permanência dessas pessoas no ambiente acadêmico.

 

Tramitação

A proposta será analisada em caráter conclusivo pelas comissões de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial; de Educação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Para virar lei, a medida precisa ser aprovada

 


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