Apoio de militares viabilizou a candidatura oposicionista
De acordo com José Sarney, para garantir a eleição, a candidatura oposicionista tinha que ter apoio de uma parcela dos militares
De acordo com José Sarney, para garantir a eleição, a candidatura oposicionista tinha que ter apoio de uma parcela dos militares, uma vez que a maioria deles não queria entregar o poder.
“Conseguimos que líderes das Forças Armadas – no Exército, o general Leônidas Pires Gonçalves; na Marinha, o almirante Maximiniano da Fonseca; e, na Aeronáutica, o brigadeiro Murilo Santos – assegurassem que podíamos marchar ao encontro da solução política. Tudo isso levou muito tempo e uma grande capacidade de arregimentação e aliciamento, o que fizemos com absoluto êxito. Assim, num longo trabalho e com o maior desejo de voltarmos ao estado de direito, uma unanimidade da classe política, construímos a vitória no colégio eleitoral”, revela o Senador.
A escolha de José Sarney para vice foi feita porque fora ele quem deflagrara a ruptura do PDS. “Com a minha renúncia, Tancredo achou que eu tinha o controle de muitos delegados e conhecimento de todos, e resumiu seu ponto de vista numa frase: ‘O Sarney conhece o mapa da mina’. Os companheiros do PDS reconheceram o meu protagonismo no episódio, e Aureliano Chaves, com absoluta determinação e contra a minha vontade – eu desejava que o vice-presidente fosse Marco Maciel -, disse a Ulysses e ao PMDB: ‘Sem o Sarney, não teremos aliança’. Essa foi a última manobra da escolha da fórmula que nos levaria, unidos, a construir o que, na história do Brasil, era uma tradição: atravessar crises com uma solução de consenso”, ressalta.
“Hoje, quando o olhamos no tempo, não chegamos verdadeiramente a compreender como ocorreu esse milagre. Eu me reportava sempre a Ulysses quando alguns grupos queriam que entrássemos num processo revanchista: ‘Não se esqueçam de que não vencemos os militares, e sim formamos um processo civil, por meio de uma engenharia muito bem construída, de homens públicos preparados, numa missão na qual o país estivesse acima dos interesses partidários’. Assim foi que não só restauramos a democracia no país, como também restauramos as eleições diretas, com absoluta liberdade de imprensa, e, sem preconceitos de raça, de religião ou qualquer outro, construímos uma sociedade democrática, cuja base foi a Constituinte”, pontua o ex-presidente, para em seguida arrematar: “Tenho grande orgulho de ter participado, como protagonista, desse processo, e de ter chefiado a transição, de cujos resultados o povo brasileiro hoje desfruta”.
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