Política

Bode Queiroga é interpelado judicialmente por Magistrados

SENSACIONALISMO – Presidente da entidade, Paulo Madeira protesta contra ‘notícia distorcida’ veiculada pela mídia nacional


“O caso foi chegou à mídia nacional através da Band, que, para nossa surpresa, lamentavelmente atropelou a costumeira postura ética e de retidão na difusão da notícia, ao pinçar apenas a parte da nota em que o prefeito Bode Queiroga fala que a gravação existe, sim, mas não se referiu ao trecho que ele diz que não pagou a juízes. Com isso, o dano moral se amplia de forma lastimável, porque macula não apenas dois juízos de condutas irrepreensíveis e muito competentes, mas, também, a toda a magistratura amapaense”.

O desabafo foi feito na manha desta quarta-feira, 30, pelo juiz Paulo Madeira, presidente da Associação dos Magistrados do Estado do Amapá (Amaap) no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9), ao comentar sobre o áudio divulgado nas redes sociais e na imprensa em que Bode Queiroga (PDT) pede ao seu então advogado, que devolva parte dos honorários pagos sob o pretexto de ter que repassar o dinheiro a dois juízes que, em 2013, participaram do julgamento no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AP), que cassou o mandato de Zeca Madeireiro e viabilizou a posse de Queiroga no cargo de prefeito de Laranjal do Jsarí.

“Vamos ao fundo da questão. A comissão formada pelo presidente do TRE, desembargador Carlos Tork, da qual eu também faço parte, está apurando com muita cautela e responsabilidade todas as nuances desse caso. Entretanto, os juízes citados na gravação possuem vários anos dedicados à magistratura, são sérios e competentes. Não tenho procuração dela, e tampouco a doutora Lívia, citada por Bode Queiroga no áudio, é filiada à Amaap, mas afirmo com toda a convicção, e todo mundo que acompanha o dia a dia dela sabe que ela é correta, séria e inquestionavelmente competente. Aliás, ela não teve o nome citado diretamente, mas, no áudio, o prefeito de Laranjal do Jarí cita que um dos beneficiados seria uma juíza federal e, como é público e notório, na época a doutora Lívia era a única juíza federal que fazia parte da Corte Eleitoral”, explicou Paulo Madeira.

O presidente da Amaap também lamentou a citação do nome do juiz Ernesto Collares: “O Collares tem 24 anos de magistratura e nunca respondeu a qualquer procedimento disciplinar. E eu tomei conhecimento que o próprio Bode Queiroga afirmou, durante entrevista em uma emissora de rádio do Vale do Jarí, que usou aquele argumento com o advogado para que o mesmo devolvesse o dinheiro que repassou a ele, a título de honorários, o que nos fez requisitar a fita do programa. Nós não temos nenhuma dúvida de que tudo se tratou de um ato infeliz do prefeito, sem qualquer fundo de verdade, mas ele vai ter que responder por isso, e nós vamos apurar tudo o que tiver que ser apurado, porque isso afeta toda a magistratura; e tem que ser esclarecer rápido, por expor o bom nome da magistratura do Amapá, e, quando se duvida da seriedade do magistrado é o caos, porque o Judiciário é o ultimo refugio da sociedade”.

Questionado sobre eventuais a serem aplicadas, Paulo Madeira pontuou: “A Associação (dos Magistrados) não tem espírito de corpo. Em um caso concreto de prática de ilícito, a primeira providência é expulsar o juiz; nesse caso é diferente; além de má fé, trata-se de crime praticado contra a honra de juízes. Se ele chegasse num programa aberto, de peito aberto, afirmando que fulano ou sicrano receberam dinheiro é uma coisa; mas ele estava numa interlocução com o advogado dele; é como no confessionário, entre o católico e o padre, por exemplo, onde impera a confiança entre o advogado e o cliente; ele (Bode Queiroga) nunca imaginava que está sendo gravado pelo próprio advogado. Não resta a menor dúvida que os dois (o prefeito e o advogado) podem responder, isso em tese, claro!. Não posso fazer julgamento prévio”.


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