Política

Celebridade esquecida

Acostumado a não cultuar memórias, Amapá, pelo menos por enquanto, esquece do desempenho do senador José Sarney, autor de iniciativas que fizeram a base do Amapá para o desenvolvimento


 

O Amapá, historicamente, costuma não cultuar memórias. Tanto é assim, que de quando do nosso nexo geopolítico com o Pará, não se traz nada de marcada lembrança, apenas um vago registro do Laudo Suíço, em alguns órgãos de comunicação, em todo 1 de dezembro. Até Cabralzinho, pelos franceses considerado heróico defensor brasileiro, não o reconhecemos como herói, pelo contrário, é alvo de chacotas para muitos, inclusive por gente que se diz esclarecida.

 

Cabralzinho

 

Do tempo de território federal, só Janary Nunes é lembrado como governador. É como se nos quase 45 anos de nossa dependência direta da União tivéssemos tido apenas o paraense de Alenquer como dirigente máximo. Anníbal Barcellos, que preparou o Amapá para ser estado, somente agora, na atual gestão municipal de Macapá, tem o nome memorizado numa via expressa e em aconchegante pracinha.

 

Anníbal Barcellos

 

Na verdade, o próprio Janary Nunes não tem, oficialmente, no Amapá, algo que o memorize à altura do que foi e representou para todos nós. Há anos um marco Memorial é prometido em honra ao primeiro governador do território federal, mas a promessa sequer foi colocada no papel, até agora. Enquanto isso, rodovias, ruas, estradas, praças e prédios recebem nomes de pessoas comuns, que pouco ou quase nada, ou mesmo nada, fizeram para o nosso bem geral, em detrimento de celebridades que publicamente se expuseram na defesa deste pedaço brasileiro.

 

Janary Nunes

 

Em meio ao transcurso do aniversário de Macapá, por sinal sempre muito bem festejado, lamentamos que injustiça fazemos ao ex-Presidente do Brasil e senador pelo Amapá, por três vezes consecutivas, José Sarney, maranhense que no curso de seus mandatos na Câmara Alta da República atuou como estadista em relação à unidade federativa tucuju, reconhecendo a potencialidade aqui existente, e fazendo a base para que tudo se transformasse em potência. Contudo, até hoje, bem pouco captamos a importância desse político para nós, e menos ainda soubemos desenvolver a visão de futuro que aqui ele implantou.

 

José Sarney

 

Ora, José Sarney aprovou o Estatuto da Micro e Pequena Empresa e a Área de Livre Comércio de Macapá e Santana. Paralelamente, ou seja, ao mesmo tempo em que estabelecia esses dois pontos para o desenvolvimento da economia local, o senador criou projeto de distribuição gratuita de medicamentos aos portadores de HIV, que se tornou referência internacional. Percebendo a importância do Porto do Santana para o transporte internacional de riquezas, trouxe para cá as regras do Porto de Manaus.

 

Foi de José Sarney, como senador amapaense, a autoria da primeira proposta de cotas raciais apresentada no Congresso Nacional, tendo trabalhado pelo Plano de Desenvolvimento Regional dos Municípios do Entorno do Parque Montanhas do Tumucumaque. A Política Nacional do Livro e o Fundo de Assistência a Vítimas de Violência têm a contribuição dele, que também trouxe o Linhão do Tucuruí para o estado, estendeu-nos a rede de hospitais Sarah Kubitschek e criou a Zona Franca Verde.

 

Hospital Sarah Kubitschek

 

O brilhante senador Sarney até engrossou o ‘mundo dos imortais’, em defesa daqui, ao escrever, editar e publicar a obra literária ‘Amapá: a terra onde o Brasil começa’. De fato, aqui começou ou começa o nosso país. Apesar disso ou por causa disso, bom seria se começássemos a cultuar a memória das celebridades que verdadeiramente contribuíram e as que contribuem para colocar o nosso estado no concerto do Brasil e do mundo. E, sem dúvida, José Sarney merece este reconhecimento

 


Deixe seu comentário


Publicidade