Política

Chuvas se intensificam e deixam centenas de desabrigados em Macapá

Prefeitura e Defesa Civil municipal montam força tarefa para conter alagamentos e socorrer as vítimas. Situação é mais grave nas áreas de ressaca


As equipes de reportagem do Sistema Diário de Comunicação percorreram os bairros de Macapá e constataram a situação de caos que se formou com a intensificação das chuvas desde a madrugada de domingo e até o final da tarde desta terça-feira, 19: dezenas de casas inundadas e centenas de pessoas desabrigadas por causa do transbordamento de canais e bueiros.

Pela manhã, no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9), o secretário municipal de Obras, Emílio Roberto Escobar confirmou o que considerou “estado crítico” vivido pela população, mas lembrou que em épocas anteriores a situação era ainda mais grave: “Desde quando o prefeito Clécio assumiu a prefeitura houve uma preocupação muito grande no sentido de realizar obras estruturais com o objetivo de não se repetirem as tragédias que historicamente ocorriam em Macapá, e passamos a realizar no âmbito da Secretaria Municipal de Obras (Semob) os serviços necessário para conter esses alagamentos, com limpezas de canais e desobstrução de bueiros; agora, entretanto, nos defrontamos com essa situação degradante, embora com impactos menores que antes, mas tudo por conta, lamentavelmente, do excesso de lixo que é jogados nas vias públicas e nos canais”.

Questionado pelo apresentador do programa, jornalista Luiz Melo, se a falta educação ambiental da população seria a maior causa desses alagamentos, Escobar minimizou: “Felizmente hoje a população já tendo mais consciência e denuncia quem comete irregularidades, como no caso da Avenida Timbiras, em que foram construídas casas de um lado e outro do canal, que passa pelo conjunto Laurindo Banha, onde realizamos uma intervenção no último sábado e retornamos ontem (segunda-feira), mas não deu pra trabalhar por causa da chuva; tivemos vários outros problemas em locais diversos, como na Marcilio dias, Jovino e inicio Leopoldo Machado, porque as águas de lá vão todas para o Canal do Jandiá, além do percurso de cerca de 2 quilômetros  da Nações Unidas até a ponte Tancredo Neves, trecho que está totalmente tomada, até mesmo com plantação de açaizeiros, o que dificulta uma intervenção mais forte”, detalhou.

Segundo Emílio Escobar, um dos maiores gargalos é uma casa que foi construída sobre um bueiro no final da Avenida 13 de Setembro: “Aquela casa nos causou uma preocupação muito grande, porque foi construída em cima de um bueiro, causando a sua obstrução; por determinação do prefeito Clécio nós entramos na justiça e já conseguimos a liminar para que as pessoas que ali moram desocupem e façam a demolição da casa, cujo prazo encerra nesta quarta-feira (20), medida essa que vai resolver a vida de mais de duas mil pessoas; porém, ainda vamos avançar muito, porque já temos o plano de saneamento básico do município em andamento, que vai ‘casar’ com o plano de saneamento do estado, e que vai culminar com a desocupação dos canais”, anunciou. 

Desabrigados nas Pedrinhas

Uma equipe da Rádio DiárioFM (90.9)  esteve no bairro das Pedrinhas e conversou com os moradores e com o titular da Secretaria Municipal de Urbanização, Manoel Barcelar, que se encontra no local fazendo a retirada de lixo e ajudando várias famílias que abandonavam suas casas. A dona de casa Ellen, moradora cerca de 15 anos no local, desabafou: “Perdi meu filho afogado aqui no ano passado, e agora, infelizmente, a tragédia está se repetindo; minha casa está totalmente debaixo d’água; não temos energia elétrica e nem água tratada, além do fato de eu ter perdido todos os móveis e eletrodomésticos”.

Outra moradora, identificada como Maria fez eco aos lamentos de Ellen: “Não sei até quando vamos ter que suportar essa situação; é uma tragédia que parece não ter fim; é preciso que as autoridades nos ajudem”, pediu.

O pequeno comerciante Lázaro Gomes fez um relato da origem e da atual situação do local, mais exatamente ao longo da passarela Mário Quirino, no final do Conjunto Annibal Barcellos: “Aqui é um buraco enorme, resultado da retirada de terra para aterrar a Avenida Equatorial, no Araxá, isso há cerca de 15 anos; sem termos ou opção, e como no verão, quando viemos pra cá, era tudo seco, fixamos moradia, eu e outras centenas de famílias; infelizmente, porém, a situação hoje está insustentável, e pode piorar ainda mas se as chuvas aumentarem”, previu.

 Ajuda do Governo do Estado

Entrevistado pela reportagem do jornal Diário do Amapá na passarela Mário Quirino, o titular da Secretaria Municipal de Urbanização (Semur), Manoel Barcelar, elogiou as ações que estão sendo realizadas pela Secretaria Municipal de Obras e pediu a ajuda do Estado para minimizar o sofrimento das famílias que ficaram desabrigadas.

“Quero parabenizar o trabalho do secretário Escobar e de sua equipe, pelos resultados positivos alcançados até agora; o que está acontecendo ainda, infelizmente, é fruto da ocupação descontrolada das áreas de baixada; na realidade as ações da Semosb e da Semur se complementam; os trabalhos preventivos desde a virada do ano até meados de janeiro, com ações muito fortes de engenharia, a partir do momento em que adquirimos uma escavadeira hidráulica evitaram proporções ainda mais graves neste inverno; hoje, graças a Deus estamos conseguindo monitorar os pontos críticos sem grandes transtornos à população; temos, claro, ainda muitas áreas críticas, como aqui, no bairro das Pedrinhas, por isso é importante, e faço um apelo ao pessoal do Governo do Estado para vir aqui dar apoio pra essas famílias, porque aqui tem muitas crianças, muitos jovens e idosos, que precisam de ajuda, e é importante que o pessoal do estado também dê a sua, porque a relidade é que situação está ficando cada vez mais grave”, alertou.


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