Política

Economista diz que governo induziu população a “embarcar numa

Jurandil Juarez vê “cenário catastrófico” para a economia brasileira, e diz que recessão só poderá ser superada a longo prazo


O economista e ex deputado federal Jurandil Juarez afirmou na manhã dessa quarta-feira, 15, no programa LuizMeloEntrevista (Diário 90.9FM), que o cenário da economia brasileira é “catastrófico”, e acusou o governo de ser irresponsável por induzir a população “a embarcar numa canoa sem saber se ela vai pro fundo ou não”. No entendimento dele, o futuro é ainda mais preocupante, porque o caminho para a saída da crise financeira não depende apenas do governo federal, porque está atrelada à recessão mundial causada pelo impacto negativo da economia de outros países.

“Já tivemos várias crises econômicas, mas foram crises pontuais, locais, como na década de 1970, cujos reflexos foram no estrito domínio da economia brasileira. Agora não, porque o Brasil mergulhou numa crise globalizada. Para sair da crise atual, vamos precisar acompanhar a evolução da economia mundial. Por exemplo, se a recessão econômica da Grécia não for resolvida, a economia do mundo vai continuar em declínio, podendo até mesmo chegar a um colapso, com sérias dificuldades para sair da recessão”, alertou o economista.

Jurandil Juarez criticou duramente a política econômica e o comportamento do governo federal no enfrentamento da crise: “De uma maneira indireta, na sua maneira, o governo admite que estamos numa crise forte, sem precedentes, ao baixar medidas de aperto fiscal. E o povo brasileiro tem consciência de que o momento é delicado, tanto que aceita algumas medidas que mexem até mesmo com seus direitos fundamentais, como a redução da jornada com diminuição proporcional do salário e o aumento da margem do consignado, o que jamais sequer se admitiria em outros tempos. O governo recua porque não tem mais saída, esta é uma realidade inquestionável”.
 

Crise interna
Para o economista, o governo federal é o maior culpado pela crise interna: “O governo é o principal responsável pelo atual estado de coisas, porque estimulou o consumo sem renda, adotou uma política econômica desastrosa e irresponsável que acabou deixando a população empobrecida, provocou a queda da produção, perdeu espaços no mercado exterior, obtendo como resultado um cenário desolador com os juros subindo, salários em queda no que diz respeito ao poder de compra dos trabalhadores, enfim, causando grande inquietação em todas as classes sociais e produtivas do país. E o que é pior: o mercado não responde às tentativas de se contornar a crise porque a credibilidade do governo está em baixa. O meu receio é que esse poço não tenha fundo, com séria tendência de ficar até pior, apontando para a certeza de que a recuperação da economia não vai acontecer em curto prazo”.

Ao se referir à decisão do governo de reter o PIS/Pasep dos trabalhadores, Jurandil Juarez reclamou do forte impacto das medidas econômicas no poder de compra da população: “Se por um lado o governo vai economizar, digamos, assim, cerca de R$ 9 bilhões, por outro lado vai deixar de circular no mercado R$ 9 bilhões, significando dizer que o povo brasileiro ficará sem R$ 9 bilhões para fazer frente às suas necessidades, porque os aniversariantes entre janeiro e junho só vão receber o PIS/Pasep no ano seguinte. Além dos prejuízos impostos aos trabalhadores, esse governo se habitou com pedalada fiscal, chutando as coisas pra frente como se a responsabilidade não fosse dele”.

Segundo Jurandil Juarez, o governo impõe medidas duras para a população com a justificativa de enfrentamento da crise econômica e financeira sem fazer a sua parte: “Diminuir despesas sem afetar o poder de compra dos trabalhadores, sem prejudicar o comércio, cortando o excesso de gastos com futilidades, isso sim, impactaria positivamente na economia brasileira, fortaleceria o mercado, mas não, infelizmente está sendo feito tudo de forma errada, porque você pedir à população para participar do esforço de recuperação da economia, mas não impor a si próprio os sacrifícios necessários é remar contra a maré”.
 
 
Estratégia da política econômica é errada
Jurandil Juarez garante que a política econômica é equivocada: “O que está acontecendo de nebuloso na economia brasileira é resultado de uma estratégia errada do governo, como, por exemplo, estimular compras a crédito com política de juros baixos, induzindo a aquisição de eletrodomésticos novos quando o seu ainda está em perfeito funcionamento sem que se tenha poder de compra, tem ter renda. O resultado é o óbvio: está todo mundo encalacrado, o povo e o próprio governo estão sem dinheiro, a renda média diminuiu, a situação é de caos. Nada é de graça, porque você tem que pagar mais cedo ou mais tarde. Hoje nós estamos pagando mais tarde, o que sem qualquer dúvida sai bem mais caro”.

De acordo com o economista, independentemente da evolução da recessão mundial, a solução para a crise interna passa pela iniciativa privada, que, inclusive, já está tomando iniciativas nesse sentido: “A iniciativa privada está propondo medidas de austeridade eficazes, como maior eficiência nos gastos públicos e estimular a população a gastar de acordo com suas necessidades e, sobretudo, limitar esses gastos ao seu orçamento. No pertinente ao governo, à iniciativa privada cabe rever o grau de endividamento do funcionalismo público, alonga o prazo da dívida, reduzir margem de lucros e dá prazo de carência de pelo menos entre dois e três meses, porque hoje o clima que existe é de desânimo, e isso afeta diretamente o varejo, que é o principal alavancador da economia, evitando que o salário perca ainda mais o poder de compra e ninguém compre mais nada”.


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