Política

Economista reage a mudança das regras do impeachment pelo STF

Jurandil Juarez diz que teme ditadura do Judiciário


 

Entrevistado na manhã desta segunda-feira, 21, no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9), o economista e ex-deputado federal Jurandil Juarez afirmou que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de mudar as regras do impeachment fortalece a tese dos que são contra o afastamento da presidente Dilma Roussef e causa preocupação para uma possível ditadura do Judiciário no Brasil. Ele também criticou duramente a substituição do ministro da Fazenda, Levy, pelo até então ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.

“Eu acho que a vitoria da Dilma não foi tanto simplesmente por ter sido dada autonomia para o Senado decidir pela instauração ou não do processo de impeachment, mas sim anulação da votação da Câmara, porque o STF STF acabou se imiscuindo, eu diria, de forma indevida, na questão interna corporis da Câmara. O Senado já estava fortalecido porque a Câmara possuía a admissibilidade, e acabou desmoralizada porque perdeu essa prerrogativa. A atuação do STF para dar equilíbrio, para garantir os direitos Constitucionais é importante, mas perdeu um pouco essa característica; e isso não é bom, porque acaba surgindo como um Poder mais forte que os outros, e, por isso, eu começo a temer a ditadura do Judiciário, porque não se pode recorrer a ninguém de qualquer decisão do STF”, analisou.

Para Jurandil Juarez, a decisão do STF tornou mais difícil o impeachment: Já se havia dado um passo adiante; a Câmara já havia dito o que queria; porém, quando se volta atrás, acaba fomentando uma briga violenta pelas lideranças partidárias, o governo ganha tempo para comprar quem quiser; o que acontece com relação à Petrobras é uma mostra de como governo age, compra lideranças; agora, a briga foi levada pra dentro da Câmara, o que vai levar um pouco de destruição; no caso do PMDB já tem mortos e feridos pra tudo quanto é lado, vem governo com cargos, emendas, dinheiro; o esquema continua, porque quem tem mais dinheiro é o Poder Executivo.

 

Humilhação

O economista criticou duramente a substituição de Levy por Nelson Barbosa: “Tecnicamente não da pra comparar os dois, porque é questão de quem tem mais capacidade de receber apoio da área que interessa, que são os investidores, porque a maior crise do Brasil é de confiança porque não se sabe pra onde vai o governo. O Levy inspirava mais confiança do que qualquer outro Ministro do governo Dilma; mesmo na ditadura, com hiperinflação, todas as dificuldades, sempre existiu um Ministro da Fazenda que inspirava confiança pra população brasileira e pro mercado internacional, como o Mário Simonsen, Delfim Neto, e, dentre tantos outros, mais recentemente, nos governos Collor e Itamar, tivemos personalidades reconhecidas, como o Fernando Henrique Cardoso, que acabou virando Presidente da República”.

O comportamento e a postura do vice-presidente Michel Temer também foram criticados por Jurandil: “O Temer não poderia assumir coisas menores; temos que admirar o Sarney, que cumpre todas as exigências de quem já assumiu o cargo de Presidente da República, tanto que ninguém o vê ele se apequenar na questão política; aqui, no Amapá, ele foi judiado, não foi reconhecido, mas mesmo assim o Sarney mantém a mesma postura, não se escuta dele um só lamento; ele deve saber quem o traiu, quem desgraçadamente fez isso, mas não se ouve uma só critica da parte dele, mantendo, de forma inquestionável e correta, uma postura de estadista”.


Deixe seu comentário


Publicidade