Jurandil diz que comando do Brasil é irresponsável e incompetente
Afirma que o país só vai superar a crise com a saída Dilma, para que a credibilidade seja resgatada
Em entrevista concedida ao Diário do Amapá, o economista Jurandil Juarez criticou duramente o pacote fiscal encaminhado pelo Palácio do Planalto ao Congresso Nacional. No entendimento dele, que defende a saída da Presidente Dilma, seja por renúncia ou impeachment “para oxigenar o país”, o Brasil perdeu o grau de investimento justamente por causa das medidas propostas, que prevêem despesas embora o governo afirme que não possui dinheiro para cobrir o déficit das contas públicas.
“Quem está comandando o país é irresponsável e incompetente! O Brasil perdeu grau de investimento porque o governo mandou para o Congresso um orçamento sem estudar, sem avaliar as conseqüências, inclusive afirmando que não possui dinheiro para pagar a dívida e fazendo chantagem para garantir novos impostos, como a CPMF, ao dizer que não tem como cortar mais gastos. Eles (o governo) querem cobrir um rombo de R$ 30 milhões previsto no orçamento com a arrecadação prevista de mais de R$ 30 bilhões do imposto sobre o cheque”, reclamou.
Questionado sobre a declaração do também economista e ex Ministro da Economia Maílson da Nóbrega de que o Brasil tem como recuperar a economia em prazo não tão longo porque as instituições estão fortalecidas, Jurandil Juarez retrucou: “Não vejo assim não, quando mais a sociedade der para o governo (através de impostos), mais ele vai gastar. O que tem que fazer é cortar gastos, mas governo não toma qualquer iniciativa nesse sentido. No frigir dos ovos, nós estamos fazendo o que o governo quer, isto é, começamos a discutir a CPMF, quando, na realidade, nós temos que discutir é o elevado gasto do governo”.
Sobre a recriação da CPMF, o economista é incisivo: “O governo agora diz que a arrecadação agora vai para a previdência; antes foi para a saúde. O que tem que fazer urgente é a reforma da Previdência, a reforma tributária, buscando a solução de forma transparente e eficiente, a exemplo do que aconteceu com todos os países desenvolvidos. Medidas paliativas tendem a agravar ainda mais a situação; é como um paciente com câncer em estado terminal – como não tem cura, pedem para ele esperar um pouco enquanto se providencia um remédio eficaz, mas ele acaba morrendo. É assim que está o país, sem credibilidade, sem comando e, doente, sem tratamento, pode acabar morrendo”, compara.
Para Jurandil Juarez, o remédio apropriado a ser administrado diante da crise que o Brasil enfrenta é a mudança do comando do país: “Não resta a menor dúvida que a mudança da presidente vai oxigenar o país, porque uma nova cabeça pode impor mais credibilidade para enfrentar a crise, porque o problema maior está justamente na falta de credibilidade, seguida da falta de controle nos gastos públicos, porque se existe – e existe, e é grande – rombo no orçamento, significa dizer que o Poder Publico gasta mais do que arrecada. Por isso, não adianta ter novos impostos para cobrir o rombo; o que se tem de fazer é cortar gastos para equilibrar as contas, mas o governo não quer fazer isso”.
Pacote
Para ser aprovado, o pacote de medidas enviado pelo Palácio do Planalto ao Congresso Nacional tem que ter votos favoráveis de 3/5 dos deputados e senadores, porque a aprovação só pode ser através de Propostas de Emenda à Constituição (PEC), o que representa pelo menos 308 votos dos 513 deputados e 49 dos 81 senadores, como no caso da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), que prevê ganhos de R$ 32 bilhões para o governo. A extinção do abono de permanência, que os servidores públicos em condições de se aposentar recebem para permanecerem na ativa que também faz parte do pacote, prevê uma economia de R$ 1,2 bilhão.
Mesmo sabendo que as circunstâncias não são favoráveis ao governo no Congresso Nacional, o Palácio do Planalto está confiante nas articulações que estão sendo feitas por suas lideranças na Câmara e no Senado, pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento), e na lealdade já tornada pública do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) como contraponto à resistência do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), que já se manifestou contrário à recriação da CPMF.
À imprensa, nesta segunda-feira, Cunha disse que considera muito difícil que o Congresso aprove o imposto sobre o cheque, justificando ser açodamento a realização de um ajuste fiscal a uma receita que, na avaliação dele, é de difícil equacionamento. (Ramon Palhares)
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