Política

Lourenço ainda tem grande potencial mineral, revela pesquisa

A audiência pública foi prometida pelo superintendente da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), Jânio Nascimento, em março, quando aqui ele esteve em reunião com o governador Waldez Góes


A população do Lourenço, distrito do município de Calçoene, vive a expectativa da proximidade de maio, quando terá audiência pública para tratar sobre o futuro do lugar hoje entregue a uma incipiente atividade garimpeira que mal dá para garantir a própria sobrevivência.

A audiência pública foi prometida pelo superintendente da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), Jânio Nascimento, em março, quando aqui ele esteve em reunião com o governador Waldez Góes, prefeitos amapaenses e o líder comunitário e político do Lourenço, vereador Raimundo Piaba.

A CPRM é uma empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia com atribuições de realizar serviços geológicos no país. Em 2008 e 2009 a estatal pesquisou Lourenço, topográfica e geologicamente, tendo detectado potenciais de ouro e outros minerais em grandeza que novamente pode viabilizar a localidade, economicamente.

O doutor em desenvolvimento socioambiental da UFPA/Naea, Marco Antônio Chagas, diz no portal ‘Repiquete no Meio do Mundo’ que a região garimpeira do Lourenço é um lugar diferenciado entre os garimpos na Amazônia. Diferencia-se pela tradição centenária, semelhante aos garimpos coloniais de Minas Gerais, com trabalhadores com famílias e residências fixas na vila do Lourenço.

“Essa característica elevou a região à condição de distrito do município de Calçoene, mas manteve a simbologia do caos e a figura do garimpeiro como protagonista da destruição da natureza”, diz Marco Antônio, para acrescentar: “O garimpeiro sempre foi uma categoria social tratada à margem das políticas públicas. Aceita-se que o garimpeiro seja sujeito da história na hora de retratar os feitos dos desbravadores do país, mas nunca houve qualquer política pública de inclusão social direcionada para essa classe de trabalhadores”.

A população do distrito calçoenense viveu bons tempos até em 1995, quando a Mineração Novo Astro encerrou suas atividades de lavra de ouro na localidade e transferiu para a Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros do Lourenço as concessões das áreas mineradas, além do patrimônio edificado da mina. A transferência foi aprovada pelo DNPM e governo do Amapá com a ideia de fortalecer a organização social dos garimpeiros para transformar Lourenço num Polo Joalheiro Comunitário.

O doutor Marco Antônio Chagas registra que existem críticas à mediação do DNPM e do governo do Amapá, quando das negociações da saída da Mineração Novo Astro da área, pois a empresa teria sido beneficiada pela liberação de suas obrigações com o passivo ambiental por parte dos órgãos de governo, e que isso pode ser entendido como concessão de privilégios.
Raimundo Piaba acha que a audiência pública dará um impulso psicológico aos moradores do Lourenço que hoje vivem “uma crise que parece um calvário”, no dizer do próprio vereador, que acredita no soerguimento do lugar ainda através da extração de minérios.

“Essa pesquisa da CPRM descobriu grande potencial mineral em nosso subsolo, de maneira que acreditamos que as autoridades públicas do estado vão nos dotar de investimentos no setor primário à espera dos novos dias que virão com a extração da riqueza que ainda continua entre nós, não deixando que Lourenço venha a se transformar num local fantasma”, concluiu Piaba.


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