Política

Mesmo com decreto de ilegalidade, greve do Judiciário chega ao

Segundo o diretor do Sinjap, Job Miranda, mais de 60% dos servidores aderiram ao movimento



Mesmo sob o manto da ilegalidade, decidido pelo juiz convocado do Tribunal de Justiça do Amapá (Tjap) Luciano Assis, a greve do Judiciário chega neste sábado ao 4º dia. De acordo com o diretor de formação do Sindicato dos Serventuários da Justiça (Sinjap), Job Miranda, mais de 60% dos trabalhadores aderiram à greve. Entrevistado nessa sexta-feira, 22, no programa LuizMeloEntrevista (Diario FM 90.9), Job Miranda garantiu que o decreto de ilegalidade não intimida o sindicato: “O movimento só vai parar quando houver uma negociação com resultados positivos”.

O diretor do Sinjap tornou público, também, que o presidente do sindicato, Jocenildo Moura, está em greve de fome: “Essa situação foi formalizada pelo próprio Jocinildo à presidente do Tjap (Tribunal de Justiça), desembargadora Sueli Pini. Nós, servidores, enfrentamos uma situação muito difícil, com defasagem salarial enorme e, como o Tjap se recusa a fazer o reajuste, recompondo a perda inflacionária, temos que usar os instrumentos legais existentes, como a greve, para fazer valer os nossos direitos”.

De acordo com Job, o Tjap oferece apenas 4% de reajuste, enquanto a inflação ultrapassou 8%. “Para que tenha idéia da discrepância salarial no Judiciário, nós somos mais de 1 mil servidores, entre concursados, que são 960, contratados e estagiários, e cerca de 90 juízes, incluídos os desembargadores, mas o total da folha de pagamento dos servidores é igual, ou mesmo menor que o dos juízes, numa distorção enorme”. Além do reajuste, os serventuários reivindicam que todos os pagamentos sejam feitos pela Amprev e a criação de plano de cargos, carreiras e salários.

Sobre a decisão judicial que decretou a greve ilegal, Job Miranda foi crítico: “O doutor Luciano Assis contribuiu para criação do sinjap, foi um grande incentivador, possui formação libertária, mas agiu contra tudo isso. Achamos muito estranha essa decisão, pois não condiz com ele. Exigiu documento da deliberação da Assembléia, mas, a assembléia foi feita na rua, a juíza Alaíde Lôbo assistiu tudo, é incompreensível! Outro ponto é a afirmação de que não foram respeitados os 30% dos servidores trabalhando, o que não é verdade, o que pode ser constatado no RH (setor de relações públicas) do Tribunal. Essa decisão é incabível, por isso a gente questiona a juridicidade dela”.

Quanto à continuidade do movimento o diretor do Sinjap é incisivo: “Vamos insistir na greve, mesmo tendo contra nós o decreto de ilegalidade. No Rio Grande do Norte, por exemplo, os servidores estão em greve a 60 dias, dos quais, 30, também sob decreto de ilegalidade. A greve é um direito constitucional dos servidores públicos, e isso já foi pacificado pelo Supremo Tribunal Federal. Se não há regulamentação, também não há proibição, e o que não é proibido é permitido. Pedimos desculpas à população pelos transtornos, mas garantimos que os serviços essenciais estão mantidos, como alimentos, por exemplo, além, claro, da realização de audiências e ritos processuais inerentes a réus presos, porque seria irresponsabilidade deixar preso quem deve ser solto e soltar, por excesso prazo presos perigosos que não podem conviver com a sociedade”, pontuou.

Greve de fome
O presidente do Sinjap, Jocenildo Moura, 51, começou uma greve de fome. Ele acusa a direção do tribunal de dificultar as negociações com os servidores que deflagraram greve na terça-feira, 19. “Não queremos colocar a faca no pescoço de ninguém , mas a greve de fome é um princípio nosso para garantir que as reivindicações dos trabalhadores sejam atendidas”, ressaltou.


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