“Os franceses não queriam apenas ouro, mas também território e água”, registra Daniel Chaves sobre disputa na fronteira
Doutor em história comenta questões entre Brasil e França, que culminaram com o Laudo Suíço, em 1 de dezembro de 1900
Douglas Lima
Editor
No programa ‘LuizMeloEntrevista’ (Diário FM 90,9) desta sexta-feira, 1 de dezembro, o doutor em história, professor Daniel Chaves, citou um caminho que, apesar de em tese justificado, não é usual no que convencionalmente se ensina e se fala acerca das questões fronteiriças que em fins do século XIX existiram entre a França e o Brasil, na América do Sul.
No conhecimento e no imaginário da maioria dos amapaenses, pelo menos, o país europeu tentou estender a Guiana Francesa até ao rio Araguari com o objetivo de usufruir das jazidas de ouro descobertas no período de 1850 a 1870 nas terras que demandavam o hoje município de Calçoene e entorno.
Mas no programa ‘LuizMeloEntrevista’, Daniel Chaves foi além. Ele revelou que o interesse francês não se prendeu apenas ao metal brilhante, mas à própria ampliação territorial do departamento ultramarino no continente americano, bem como a intenção de também ficar com as margens e a foz do rio Amazonas.
“O objetivo dos franceses era triplo: ouro, território e água”, ilustrou o doutor que participou do programa de rádio a propósito do Laudo Suíço, nome que foi dado ao veredicto do Tribunal da Suíça que julgou a questão dos limites entre o Brasil e a França, em 1 de dezembro de 1900, após três anos de disputas judiciais, atuando em defesa dos brasileiros o advogado e diplomata José Maria da Silva Paranhos, o Barão do Rio Branco.
O Laudo Suíço, em razão dos bem arrazoados argumentos de Barão do Rio Branco, considerou que o Tratado de Utrecht, assinado em 11 de abril de 1713, marcando o rio Oiapoque como fronteira entre os dois países, tinha que ser mantido. Então se encerraram as lutas e disputas entre os dois países pelo controle das terras amapaenses que foram incorporadas, de forma definitiva, ao território brasileiro, como parte do estado do Pará.
O professor Daniel Chaves registrou que Barão do Rio Branco, no Tribunal da Suíça, elaborou robusta argumentação com uso de técnica e diplomacia. Para ele, José Maria da Silva Paranhos foi o mais importante diplomata da História do Brasil, tendo também atuado em questões de fronteira no Acre e em Roraima.
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