Para Teles Júnior, agravamento da crise limita investimentos do estado
SECRETÁRIO – Afirma que ajuste fiscal pode resgatar a credibilidade da política econômica do governo feder
O titular da Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan), Antônio Teles Júnior, fez uma previsão sombria para a economia do país nos próximos meses. Segundo ele, o agravamento da crise limita investimentos e obriga o estado a reduzir drasticamente a aplicação de recursos, com reflexos ainda mais impactantes para o Amapá, que depende do repasse de recursos federais até mesmo para a manutenção dos serviços essenciais.
“A situação econômica do país é muito preocupante, principalmente porque com o agravamento da crise os estados são obrigados a limitar investimento, além de impor a redução drástica da aplicação de recursos. Em meio a esse turbilhão, os impactos negativos ainda são mais fortes para o Amapá, que depende do repasse de recursos federais até mesmo para a manutenção dos serviços essenciais, cujos repasses são cada vez menores. Nossa preocupação é ainda maior por causa da relutância do Congresso Nacional em aprovar projetos de ajuste fiscal possam colocar o Brasil no caminho de saída da crise”, analisou Teles Júnior durante entrevista concedida na manhã desta sexta-feira, 02, no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9).
Para que o Secretário, que é economista, “o governo federal não está fazendo o dever de casa”, por conta da flutuação descontrolada do câmbio, falta de cumprimento da meta da inflação e redução drástica do superávit primário: “A falta de uma política econômica eficiente e com a inércia do Congresso Nacional no que diz respeito à não votação de projetos com ferramentas legais para aplicação de políticas públicas eficientes tornam o cenário ainda mais crítico, diante do fato de que o governo não está fazendo o dever de casa, resultando nessa quadro sem perspectivas positivas, tanto que o câmbio está flutuando, descontrolou mesmo; a meta de inflação foi perdida, e não se alcança o superávit primário”.
Segundo o Secretário, a expansão dos gastos publicou tornou a situação econômica insustentável para o Brasil: “O PIB (Produto Interno Bruto, que representa o crescimento das riquezas do País) está chegando a 0.15%, quando a meta é de 0.53%, e com a expansão dos gastos públicos a situação ficou insustentável, porque o déficit na União é muito grande. Daí a necessidade de se fazer urgente um ajuste fiscal eficiente. A grande questão é a falta de horizonte; perdemos idéia de projeto de pais. Falar em estabilidade se torna tarefa praticamente impossível com a dificuldade de se controlar gastos por causa cultura que se criou de estatização da economia; na realidade, perdemos projeto de país. O desemprego, por exemplo, atingiu índices assustadores, e pela primeira vez apontam para a realidade de 2003, quando atingimos dois dígitos; estamos partindo para isso, tanto que já chegamos a 8%, significando dizer que, infelizmente, vamos ter que ajustar a política econômica com taxa de desemprego muito pesada”.
Falta de credibilidade
De acordo com Teles Júnior, o maior obstáculo a ser superado pelo Brasil é a falta de credibilidade. No entendimento dele, essa credibilidade só pode ser conquistada através do ajuste fiscal, embora acredite que, embora possam ser superadas, as dificuldades são muito grandes, com um cenário bem mais grave do registrado em 2002, quando foram feitos os últimos ajustes fiscais no país.
“Infelizmente não se fez uma reforma significativa no país nos últimos 10 anos, premido por imposições políticas; por isso pagamos preço um preço muito alto hoje, porque medidas paliativas só contribuíram para retardar os efeitos da crise. Em 2003, quando foram feitos os últimos ajustes fiscais, o cenário era bem melhor que o de hoje, pois naquela época tínhamos demandas por commodities, o que não acontece hoje por causa, principalmente, da queda do preço de ferro na China, considerando o Brasil é um grande exportador desse minério, além da desvalorização descontrolada do câmbio. O ajuste fiscal é imprescindível para o Brasil crescer, porque a política econômica tem que ter credibilidade, e atualmente não tem, pelo fato incontroverso de que o governo federal é incapaz de mostrar e cumprir suas metas, fundamentos econômicos estes que estão muito fragilizados”, pontuou Teles Júnior. (Ramon Palhares)
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