Política

Sarney, 91 anos

Trajetória longeva


Uma Missa transmitida ao vivo, neste domingo, 25, em rede nacional de televisão e rádio, além da internet, é o ponto alto das comemorações dos 91 anos de idade de José Sarney, um cosmopolita, apesar de saído da pequena Pinheiro, no estado do Maranhão, mas que com inteligência, perspicácia e dedicação ao saber se tornou conhecido em todo o mundo.

A Missa, encontro sempre atual dos crentes católicos com o Salvador Jesus Cristo, é um ato digno de José Sarney, homem religioso conhecedor da Bíblia e que tem o padre Antônio Vieira entre os seus ícones literários. O homenageado, que como todo político não pôde livrar-se de acusações, muitas infundadas, sem a utopia da onisciência decerto sempre procurou acertar em suas decisões e atitudes.

José Ribamar Ferreira de Araújo, o José Sarney, deixou a política de mandatos após durante 24 anos ser senador pelo Amapá com cargo de presidente do Congresso Nacional. Antes disso, fora vice presidente e presidente do Brasil, govenador do Maranhão e deputado também pelo seu estado de origem. Até agora é o brasileiro com mais tempo no exercício contínuo de funções públicas – em torno de 60 anos.

O Amapá conta, entre os muitos feitos de José Sarney no estado, com o Estatuto da Micro e Pequena Empresa, Área de Livre Comércio de Macapá e Santana, Zona Franca Verde, Linhão de Tucuruí, moderno aeroporto internacional e apoio a obras estruturantes como a ainda não construída ponte do rio Jari e pavimentação e abertura de rodovias estaduais.

Democracia

Sarney foi o competente responsável pela democratização do país após mais de 20 anos de ditadura militar. Como então presidente, criou ambiente para a elaboração da Constituição até hoje em vigor; ditou eleições diretas para presidente, prefeitos e governadores, abrindo espaço para que pela primeira vez os analfabetos tivessem direito ao voto.

O presidente da democratização brasileira, ou redemocratização, como muitos dizem, legalizou os partidos comunistas no Brasil e magistralmente reatou relações com a Cuba de Fidel Castro, ficando bem diante dos olhos do mundo e extirpando os ranços do governo militar que ainda existiam no Brasil.

O projeto de distribuição gratuita de medicamentos para portadores de HIV, autoria de José Sarney, tornou-se referência internacional. Ele foi o pioneiro no país a respeito da lei de cotas universitárias. Através da lei com o seu próprio nome, deu grande incentivo à cultura, trabalho evoluído pela Lei Rouanet.

O homenageado que completa nove décadas mais um ano de existência, além da verve política, é jornalista apaixonado por grandes matérias formadoras de boas opiniões. Autor de crônicas, ensaios, contos e romances. Como escritor, também é reconhecido no mundo inteiro. Ainda é membro da Academia Maranhense de Letras, da Academia Brasileira de Letras Academia das Ciências de Lisboa e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.

José Sarney é tenaz. No aconchego da companhia da esposa Marli, filhos, netos e outros familiares, continua com as suas atividades literárias. Passou a escrever muito mais, ao deixar a política um pouco de lado. Entre os seus escritos, o artigo que o Diário do Amapá publica aos domingos. É bom lembrar que ele imortalizou o nosso estado na obra “Amapá: a terra onde o Brasil começa”, na qual testemunha que das 27 unidades federativas do país fomos a única que lutou pra ser Brasil
Sarney é assim: gosta muito do Amapá, diríamos que ama o nosso estado. O Amapá, pelo contrário, parece, pelo menos até agora, não retribuir ao nobre sentimento, mantendo o seu jeito histórico de não valorizar as grandes personalidades que por aqui passam e muito contribuem para o enfrentamento do futuro.


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