Diário Política

Sessão solene na Alap marca Dia Estadual do Marabaixo

Presidente da Assembleia Legislativa, deputada Alliny Serrão prometeu ampliar e apoiar a importante tradição cultural


 

Em clima de festa e ancestralidade, a Assembleia Legislativa do Amapá (Alap) celebrou nessa sexta-feira,14, o Dia Estadual do Marabaixo com uma sessão solene no Plenário Deputado Dalto Martins. O evento, marcado por música, homenagens e discursos emocionantes, reuniu autoridades e representantes de comunidades marabaixeiras.

 

A mesa de honra foi composta pela presidente da Alap, deputada estadual Alliny Serrão (União); diretora-presidente da Fundação Marabaixo, Josilana Santos; secretária estadual de cultura, Clícia Di Miceli;  vereador do município de Macapá, Dudu Tavares (PDT); representante do Conselho Estadual de Cultura, Fábio José do Espírito Santo Souza;  representante do Marabaixo da zona urbana, Elísia Congó; representante do Marabaixo da zona rural, Wendel Uchôa; a coordenadora-geral da União dos Negros do Amapá (UNA), Cristina Almeida; e o presidente da Academia Amapaense de Batuque e Marabaixo, José Raimundo Souza (Dô Sacaca).

Com o plenário lotado de representantes do Marabaixo, a deputada Alliny Serrão reiterou o compromisso do Poder Legislativo de apoiar e ampliar as discussões sobre essa importante tradição. “A Assembleia Legislativa está à disposição para fortalecer o Marabaixo e garantir que essa cultura seja preservada para as futuras gerações”, enfatizou.

 

Serrão assumiu o papel de madrinha da tradição e se comprometeu a buscar mais políticas públicas para seu fortalecimento. Ela mencionou a iniciativa da Alap de criar um Código da Cultura Amapaense, reunindo todas as leis relacionadas ao segmento cultural para facilitar o acesso aos direitos da população.

A solenidade homenageou personalidades que se destacaram na organização de eventos, no ensino da dança e da música do Marabaixo. A entrega de certificados reconheceu o trabalho e a dedicação desses homenageados em preservar e difundir a rica tradição cultural. Para abrilhantar ainda mais a ocasião, a programação incluiu apresentações de renomados grupos de Marabaixo e das crianças marabaixeiras. O ritmo contagiante e a beleza das coreografias encantaram o público, que se rendeu à energia e à alegria das danças de roda, cantos e batuques.

 

José Raimundo Souza expressou sua alegria com a presença maciça de representantes do Marabaixo no evento e agradeceu à Alap pelo apoio. Souza pediu uma revisão da lei municipal sobre fogos de artifício. “Soltar fogos é uma tradição ancestral e muito importante para nós. Precisamos que essa situação seja revista”, afirmou Souza.

 

Elísia Congó enfatizou a importância do Marabaixo como uma celebração genuinamente amapaense, afirmando: “Essa tradição cultural não existe em nenhum outro estado da federação”. Ela enfatizou a necessidade de mais investimentos e políticas públicas para fortalecer o Marabaixo. “Precisamos de políticas afirmativas que vão além de eventos”, complementou Congó.

 

Fábio José, o representante do Conselho Estadual de Cultura, enfatizou a importância de incluir a cultura do Marabaixo nas escolas. “Só podemos valorizar nossa cultura se ela for ensinada às crianças, adolescentes e jovens”, destacou.

O vereador Dudu Tavares, em seu discurso, saudou os presentes, enfatizando o Marabaixo como símbolo de resistência e história. “Quando falamos em Marabaixo, estamos falando da história de resistência de um povo que nos antecedeu e que deve ser mantida”, destacou o vereador. Tavares enfatizou a importância de valorizar e apoiar os pretos do Amapá, propondo a destinação de recursos para fortalecer o Marabaixo e garantir dignidade aos festeiros. Ele concluiu mencionando a necessidade de audiências públicas para assegurar apoio contínuo e respeito à legislação que protege a cultura tradicional.

 

Wendel Uchôa, representante do Marabaixo da zona rural, expressou sua gratidão pela presença das comunidades quilombolas na sessão. Ele também destacou um projeto de lei de 2017 que beneficia grupos que realizam festividades tradicionais. Uchôa mencionou as dificuldades enfrentadas pelas comunidades rurais em relação às leis, como a proibição do transporte em “pau de arara”.

A coordenadora-geral da UNA, Cristina Almeida, frisou a necessidade de celebrar e fortalecer a história do Marabaixo. Almeida enfatizou a importância da transferência de terras para os territórios quilombolas e a luta contra o preconceito e o racismo, destacando a preservação do Marabaixo como patrimônio cultural.

 

Para a diretora-presidente da Fundação Marabaixo, Josilana Santos, a presença no evento foi motivo de imensa satisfação. Ela destacou a importância das referências e das lutas do povo preto e das mulheres na conquista de seus direitos. Agradeceu à deputada Alliny Serrão por dar voz ao interior e à cultura do Marabaixo. “Hoje, nossa resistência está em cada canto, em cada quilombo, em cada pessoa preta”, ressaltou.

A secretária de cultura, Clícia Di Miceli, ressaltou a importância do reconhecimento do Marabaixo como patrimônio imaterial do Brasil e a necessidade de preservar essa tradição cultural. Ela destacou as ações do Governo do Amapá para fortalecer o Marabaixo, como a criação da Central do Marabaixo. Ela ressaltou a importância de “dialogar com os fazedores de cultura” para desenvolver políticas culturais eficazes e promover o entendimento e o respeito pela tradição do Marabaixo.

 

Sobre o Dia Estadual do Marabaixo

Instituído por meio da Lei nº 1.521/2010, em 16 de junho, o Dia Estadual do Marabaixo homenageia a cultura afroamapaense, reconhecida como patrimônio cultural imaterial do Brasil pelo Iphan em 2018. A data celebra a luta e a resistência do povo negro do Amapá em preservar sua ancestralidade através dessa manifestação cultural secular.

 

Os rituais do Marabaixo, realizados em comunidades tradicionais, ribeirinhas e quilombolas, são homenagens de cunho lúdico e religioso, embaladas pelo som vibrante das caixas, acompanhadas por comidas típicas e cortejos vibrantes. O Dia Estadual do Marabaixo serve como um momento de reflexão sobre a importância da preservação dessa herança cultural e da luta pela igualdade racial.

 

 


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